sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Intimidade evasiva

Do lado de dentro tenho guardado um pote secreto, fragmentos das cidades que morei. Mais fundo ainda, na prateleira da saudade, carrego com pureza os abraços sinceros que roubei. Sonhando vez ou outra com o dia de me sentir completa, de reunir todas as cores e sensações, de organizar os sentimentos por ordem alfabética, e sendo assim, talvez controlar a confusão que me causam. Vai chegar o dia em que olharei pro fim da estrada, e verei flores ao invés de luzes, as flores podem até me cegar, mas seu perfume ficará gravado em mim. Assim como todas as pessoas que passam pela minha existência, elas deixam um pouco de si, e levam partículas do meu eu jamais compreendido. Eis que viver não faz tanto sentido. Sinto falta do meu quebra-cabeça incompleto, tem dias que quero os segundos passem logo, e outros que a vida me espere, pois eu sempre paro pra arrumar o sapato.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Confissões no gravador

Sem pretensão chegou de modo que não parecia real. Eis que a vida gira na ciranda do encantamento. E sem que eu pudesse perceber ou evitar, tu já ressonava em meus pensamentos, em meus desejos. De lá pra cá, daqui pra lá, o carinho sincero se fez. O tempo passa, o relógio nunca para, e a vida sempre vai seguir... Não te quero com um sorriso fugaz no rosto, mas com a certeza de que podes contar com a minha existência, de uma forma só nossa, que sei que só você entende. Ao te conhecer o mundo se tornou um lugar reconfortante para meus questionamentos, e meus conflitos se aconchegam com tuas singelas palavras, tão significativas como uma gota de orvalho num entardecer de Outubro.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Porta-retrato

E vira o mês, os dias passam, vejo folhas verdes pela janela, chega o horário de verão, e pouco a pouco percebo a ilusão. Dias vazios de festas, noites ensolaradas de realidade. Pronto! decido, encontrarei o brilho que vejo em meus olhos em fotos antigas, a cor do cabelo já não me importa, as roupas anos 60 eu já nem ligo mais. Parei no tempo de uma época em que não vivi, busco de volta os sonhos que não tive, a tarde de domingo que não vi o bonde passar. Entre todos os sorrisos, procuro ansiosa pelo meu. Deixo de lado as utopias, entendo de amor pra fazer poesia. Amasso, mastigo, e jogo fora a magia, a perfeição não me interessa, e das minhas vontades eu tenho pressa, mais um dia, uma tarde vazia, e eu juro que dessa vez eu aprendo a voar...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

TPM

Mulher de impulso tórrido que alucina
Fome e desejo de menina, numa dura sina
Bola, papel, plástico, desejo, penicilina

Todos os contrários postos na mesma direção
Saliva, ácido, boca, água, sucção
Mistura fina de pós-modernização

Errante por natureza
Destinada a beleza
Inconstantes certezas

Afetada pelo afeto da sinceridade
Destilada do desprezo a maldade
Redundante furia e passividade

O ódio ao cor-de-rosa
O viva a femilidade
Soltam suas feras
E fazem de beijos guerras;

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

riocena "de suruba" contemporanea

Eis que se inicia o riocenacontemporanea, o festival internacional de teatro. Espetáculo incrível! com 6 horas de duração, haja talento para prender a atenção do público entendido por tanto tempo, o que diga-se de passagem não é problema pra eles com o show de interatividade que fazem. Confesso que do alto dos meus muitos anos de teatro e da minha crítica feroz não fui esperando algo que de fato me surpreendesse, e a surpresa foi das melhores. A peça "Os sertões" está dividida em temas, e o de ontem era sobre a pluralidade multi-étnica dos brasileiros, mostrava cada cantinho do nosso Brasil, seus sotaques, costumes e sonhos. A plateia estava lotada de famosos enlatados da Globo, assistiam como que querendo aprender algo com aqueles exímios atores, creio eu que eles faziam laboratório pra saber o que é ser ator de verdade, deixando meu veneno de lado, volto a peça que começa escandalizando, com todos os atores pelados e uma cena de sexo perturbadora, com seus orgãos genitais de fato se tocando, era bunda pra lá, peito pra cá. A princípio, achei muito coisa de artista que quer se modernizar, pois sempre que um artista quer se achar inovador ele bota as coisinhas de fora, sim, não é qualquer coisa que me convence não, eu tenho estrada no mundo mágico do teatro. Mas a peça é tão sensacional que a medida com que ela se desenrola, você esquece que os atores estão pelados, e se emociona com a sensibilidade e força deles em cena, simplesmente contagiante! impossível ficar indiferente. Os atores quebram todos os clichês, desconstroem todos os conceitos, botam Jesus sendo negro e gay, não podia ser melhor. A platéia se empolga e muitos acabam entrando no clima de " viva a sociedade alternativa" permitindo que os atores tirem suas roupas e os toquem. Como era de esperar ele cismaram com a minha pessoa, me pegavam toda hora pra entrar em cena, no começo eu até achei divertido interagir, mais quando fui agarrada e quiseram tirar minha calça foi um pouco demais, fui obrigada a ser grossa, mal não faltei ao respeito pois entendo o lado deles, e quem não quer participar não fica na primeira fila, ? levantaram a minha blusa e marcaram um "P" na minha barriga, o que gerou muitos comentários infames por parte de meus queridos amigos que comigo estavam. Mas eis que o melhor de tudo ainda não chegou, rolou a festa mais irada do ano, só pra convidados vips, e eu como sou muito bem relacionada, descolei uns convites. A festa foi patrocinada pela Petrobrás, repleta de comes e bebes, foi muito digno ficar bêbeda as custas da Petrobrás, e ainda dançar até o pé pedir bis. O Festival de Cinema do Rio acaba hoje, e já deixa saudades, ano que vem tem mais, e enquanto isso vamos curtir o riocenacontemporanea, porque ele promete!

Qual é a boa de hoje?

Voticontá, viu? nunca que eu tive cara de boa moça, sempre paguei de revoltada, ovelha negra da família, destruidora de corações indefesos, e daí que vem o meu famoso "eu nunca disse que prestava". Mas chega um dia que a fama de menina-veneno cansa, pois pureza de cabrocha criada no interior não é pra qualquer maria bonita não. Acho um porre esse lance de insegurança, é tudo tão sem propósito, saca? acho mero doce de quem não tem sangue o suficiente nas veias pra se encarar de frente. Nunca tive medo de nada, e talvez os mais de 10 anos de teatro tenham contribuído pra isso. Eu ainda to aprendendo a lidar com os meus conflitos internos, é que existe tanto dentro de mim, universos tão distintos, sinto que as pessoas ficam confusas comigo, mas eu nem esquento, a vida segue o fluxo que a gente dá a ela. O pessimismo me irrita, eu realmente acredito que tudo tem jeito, e sinceramente cansei de me descabelar por bobagens hipotéticas, minha mente é minha pior inimiga e minha maior aliada, vai entender uma aquariana eloqüente. Sei que sou chata, exigente, é porque acredito de verdade, que se você se propõe a fazer algo o mínimo que deves fazer e dar o melhor de si. ahhh, eu e ele, ele e eu, tão parecidos quanto complicados, e eis que de grão em grão eu conquistei o rapaz, ele nem tenta disfarçar pois sabe que não consegue, eita que tem muita gente morrendo de inveja pros dos lados, xô, urucubaca! que o casal é lindo por demais. eu continuo achando que está tudo muito rápido, e que eu preciso de paz pra botar minha cabecinha no lugar. Festas, festas, e mais festas, cheguei a conclusão de que o Rio de Janeiro não dorme mas eu preciso dormir.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

My favorite song


És para mim um eclipse de inquietação e pureza, e um tolo se não percebes tudo o que tens. Volto no tempo, o relógio nunca está ao meu favor, e a vida não descansa enquanto eu tento entender. Paro, exito, e vejo luzes em você. Me dando conta de que faço tudo novamente, te beijo, toco, cheiro, cada "te odeio". És minha caixinha de surpresas, que guardo no meu íntimo, onde ninguém possa ver, não por medo, mas por querer só pra mim. Meu paraíso encantado e secreto, dúvida ressonante que atormenta, num desejo esculpido em prazer. Me perco em mim, só pra me achar em você. E acho graça, pois faço isso com gosto, como quem conhece as regras e mesmo assim se arrisca no jogo. Me divirto entre os seus acordes, me inebrio com suas nuances, danço na valsa dos teus fragmentos, partículas de tesão e afeto, que se eu não tiver eu furto. Sua força me encanta, e sua doçura também. Sabes me fazer rir, é como se todo dia ao lado teu fosse carnaval, eis que é assim que me sinto perto de ti, numa eterna alegria indivisível, repleta de fantasias e cores, de sonhos e amores. As luzes se apagam, e fica só você, defeitos e sorrisos, almoços e boa noite, não quero mais entender, te quero assim, no meu colo, em meus braços, pra sempre em mim. Como minha música favorita, você arranca a minha alma esmagando os meus sentidos, és a droga perfeita, precioso vício.