terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Gotas de subversão

Me sinto uma diva decadente, com um cigarro barato na mão, mas sem o glamour do cinema, apenas com a loucura e podridão dos grandes gênios. Rodeada de pessoas que vivem a sombra do que não sou. Deitada no chão do banheiro, sinto a água percorrer meu corpo, as alucinações existem. Um súbito impulso de coragem e angústia me arrasta até o meu quarto, e nua eu me enxugo, com força, com muita força. Como se eu quisesse limpar minha alma. Me olho no espelho e tento reconhecer a jovem garotinha, mas só vejo uma mulher cansada da própria pele. Renasço sempre à procura da cura, mas os vícios dominam, e debruçada na mesa do bar, eu retoco o batom. Nesse momento é como se o mundo parasse, eu escutasse flautas, e só conseguisse pensar no toque brusco do vermelho ressecado. Volto a realidade, e quanto me dou conta, ao fundo eu te vejo passar, com a mesma camisa listrada. E sei que por mais um dia, vou me sentir patética, pelo simples fato do seu gosto não sair de mim... É. Eu já não sou mais a mesma, e talvez esse "eu" nunca tenha existido.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Vai Fernanda, anda... anda.

Todo dia, o dia todo. Gosto do ardor de ignorar o relógio, me sentindo liberta da bilheteria da vida. Olho pra roda-gigante, e ela continua a girar... as pessoas gritando, a mente suando. E eu sempre me sentindo distante, alheia. Aos poucos começo a entender que não faço parte. Recolho meus brinquedos e me tranco na casinha, com aquela sensação boba de não saber onde guardei a chave. E dessa vez as estrelas não existem, só um punhado de mentiras, das quais eu tento me convencer. E me pego ali, parada, segurando a carta que não vou entregar, com aquela sombra idiota nos olhos, em mais uma tentativa estúpida de fingir que faço parte da multidão.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Atriz-te

Meu mundo ressonante, louco, distante... Perdida na ilusão caótica da pseudo-liberdade, aprendo a voar sem que ninguém me ensine. Nutro todas as minhas inseguranças com a mesma força que tento vencê-las. Me sinto deitada no azul, de costas pro amarelo... Não preciso de cores, mas as mudanças acontecem, e calada admito... Eu nunca aceitei ser profunda, embora cada traço meu sangre sem que eu possa deter.

Assim seja

Tentando libertar meus esgotamentos diários...
Desejando engolir os medos sem água...
Delirando ao som do blues do desapego.