quinta-feira, 10 de abril de 2008

Desapego de menina

Uma cobertura muito engraçada, da janelinha vejo o céu, mas será que ele me vê? Abro meus olhinhos de mel, o novo se apresenta, ensolarado de questionamentos. É tão gostoso que angustia, e tão perfeito, que tem gostinho lilás de sonho. Creio como nunca no poder da mente, e que o mundo é infinito em possibilidades. Vivo tão livre que as vezes tenho medo, a liberdade excessiva aprisiona as atitudes deliberadas. E parada no meio da libertação, me sinto só. Repleta de amor, e mesmo assim só. Com a verdade sublime nas mãos, e só. Estou tão amarela-madura... A menininha do interior cheia de fitas no cabelo e saias rodadas deu lugar a mulher, que sente o peso da responsa da vida, e segura firme. Os objetivos vão clareando, fazendo dos mundinhos alheios um lugar melhor, fonte inesgotável de afeto. O aprendizado tá tão bonito, entendi coisinhas e as coloquei no seu devido lugar, me completo em mim, lírios, delírios. Eu, apesar de cabeçuda mor do reino intergalático, já sei lidar com borboletas, mesmo aquelas que não são coloridas. Aprendi que bola é bola, e não papel de pão.

E agora que a sabedoria escorre na fonte cintilante, eu não choro mais. A solidão é minha melhor amiga, brindo com ela nas madrugadas frias e cinzentas. A vida é fofa e quentinha, e euzinha, continuo amando demais. Com a pureza das flores, lindo ? Hurrum.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ainda matutando cá com meus lacinhos

Sinto a fragilidade humana pulsar sobre os meus olhos, me surpreendo. Mas nem tanto, eu sempre soube os riscos da vida e que senti-los não é uma opção. As flores precisam aprender seu lugar no jardim, e que são únicas de formas e jeitos. Ser flor não é defeito. E lá, na lua, eu tento ajudá-las. Não esperando qualquer retorno vil, quiçá por bondade, é que vim a terra com o intuito de prosperar o amor. E o faço de maneira inconsciente, tenho um mecanismo existencial que faz moradia em mim. E vez ou outra vem aquele meu esgotamento racional, a vontade demasiada de respirar, e sem conseguir, sorrio. Estou absorta das ignorâncias universais, sem paciência pra utopias astrológicas, sou cética, fria, e não tenho medo de mudanças. Minha alma é tão velha que a sabedoria se faz sempre presente, ignoro minha idade física, transcendental a todos os conceitos. Não vejo graça em brincar de amor, lugares cheios, sensos superficiais. Não tenho saco pra garotada, almejo tanto, analiso o sentir, e busco o equilíbrio entre todas as coisas.

O mérito da sensibilidade não está em sentir e sim em compreender o que nunca será passível de fazer sentido.

Lápis-de-dor

Jogo com a sentimentalização. Sentimento. Mente. Ação. Não preciso mais de afetos, me completo e agrego na minha felicidade individual. Tantas pessoas especiais, e eu continuo com preguiça de amarrar o meu all star verde-limão. Vai, conduz minha vida liberté! Livrinha, soltinha, saltitante. A boneca de pano que é tantas e todas, pasme que isso ocorre no mesmo paradoxo entre a compreensão sensorial e os dilemas etílico-amorosos. Ei, quem foi que disse que a terra é azul? Ela é da cor que eu bailo mi vida. Para evoluir é preciso sangramento, entendimento. E eu já perdi sangue demais nessa guerra de deuses e mortais, onde o céu nunca é o limite. As idéias nunca são claras, porém mutáveis até onde eu insisto em dizer que estou certa. O mundo muda. Eu mudo. O mundo imundo.

Hoje mais que nunca as palavras tem sons, cheiros, e cores.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Clariciando, clareando a mente.

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu queria amar o que eu amaria - e não o que é. É também porque eu me ofendo a toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim.Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente.Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário(...). Eu que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu."

(C. Lispector)