terça-feira, 29 de julho de 2008

Doce sina

Penso mais do que sinto fome, e do que falo. E fica sempre esse gosto indesejado de não me sentir completa, me olho no espelho e não entendo, parece que estou o tempo todo tentando não aparentar o que sou. Tomando cuidado pra que cada gesto expansivo não me limite, como uma capa protetora envolvendo minhas extremidades e afins. Acordo, e não sou louca. E repito de novo aquela mesma baboseira que até eu já cansei de escutar. Não muda nada, mesmo que tudo continue girando, faz parte do ciclo, ok, essa parte eu já entendi. Procuro não me prender ao céu da boca, tendo em vista minha infinidade de timbres e sons. Mais duvidosa do que nunca, sigo o trilho do bonde certa do risco, e arrisco. Sei que cada passo adiante é um ponto de interrogação, mas ora veja, aprendi cedo a beleza do desconhecido, e me atiro. Só por hoje, e com passos de bailarina, sei que nasci velha pra aprender a ser menina.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

É por sabê-lo

Subo todo dia pra ver se encontro a camisa amarela, me corto inteira e continuo sem ela. Questiono onde eu começo e termino, será que eu tenho um fim? Limitações grotescas de um caso ráro de compensação insolúvel. E eu aqui, idiota com um par de asas. Então, faz de conta que hoje é sábado, e que minha cara amassada de sono tem gostinho de maçã, e faz de conta que toda vez que eu erro uma flor brota na lama, e que toda tarde a chuva vem pra que não esqueças meu nome. Imagina agora, que toda a minha ladainha cotidiana é um blues de sonhos, que todas as vezes que te fiz chorar foi com inocência, te apegas a isso. Lembra das tardes ensolaradas em que protegi teu rosto, agora junta toda essa merda existencialista e rasga, mas rasga como se fosse a última coisa que você faria na vida. E por mais um dia eu me abstenho de ti, se acalma, sente a paz absorver todas as suas células pseudo sentimentais, e não reclama mais de mim, que a noite vem chegando e quando ela me toma eu não sou tão frágil. Fica com o meu silêncio, e agradece, pois ao menos resta em meu peito uma cabana que diz adeus.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Anjo sem pétalas e sem pecado

E não pedes licença, chega forte, adentra meu eu profundo, me toca no ponto onde só você conseguiria tocar. Me evolve no corpo mutável, nessa massa de moldar. Eu me entrego, escorrego, faço parte. Crio borboletas, faço girassóis, sou toda arte. Não demora tanto, que meu colorido é frio, e sem o teu amor o arco-íris fica vazio. E quando me toma em seus braços o mundo se colorirá, e quando me deito ao teu lado o sol vai alumiar! Pássaros vão cantar... Bem-te-vi, rouxinol, andorinha, sabiá! E quando o mel se fundir num só feixe a brilhar, a humanidade vai se deparar: lírios, orquídeas, dama-da-noite, azaléia no céu do pensar... Brindo a tua beleza nua, desmedida, pintura, pós-perfeita, pós tudo, soberana absoluta do meu reino de contradições.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

É este meu vôo de pássaro: ser humana passo a passo...

Voluptuosamente
Metade maçã
Metade serpente
Com teus passos
Inventas o mundo

Às vezes brincas
De pássaro
Ou
Andarilha de sombras
Com teus olhos evocas
Cordilheiras abissais
E é no teu âmago
Que a noite se forma.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Não falo de amor

Tempestades passaram por mim, junto com esmaltes descascados, e um certo pouco do muito daquilo que eu não falo, o amor. Não que as frutas percam a serenidade, Vens e te derramas e me invades, molhada e suja todos os dias. Abro a gaveta e mais uma vez só vejo sonhos, não, eu não os organizo. Tiro a poeira das cortinas, e percebo que cada pó contém, e me calo. Na recusa indiscreta do teu suor com gosto de orvalho. Livros, não querem sentir o sol. Eu, sento na rua, com fome nua, sua. O Banheiro é abrigo para os dias cinza-ruins, a água amiguinha das lágrimas de querubim. Ilusória e desmedida, respiro-me louca e santa. Divina entre minhas negações, meu complexo desconexo. Pirações do amor não dito, quanto mais calada melhor a paixão. E me canso do amor inventado, quero amor quietinho, fugitivo, abandonado de razões, sem pretensões... E assim, pequenino, submerso, dure por toda a vida em prosa e verso.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Gracias aos Deuses!

Minhas anteninhas estão captando universos. Unindo versos. Já absorta com a lua cheia, que chega. Chega! Feliz entre o verde-sujinho que inspira arte, e vendo além da janela mais bonita do céu. Os quadros, as tintas, as palavras nunca fizeram tanto sentido. Num censo tímido, contudo indiscreto.... Vôa mundo submerso. E vejo todas as p.o.s.s.i.b.i.l.i.d.a.d.e.s, sinto cheiro da rua, o sereno me espera. Cresço. Toco a arpa mágica da imaginação, tenho tudo ao alcance do meu dedão. Ele me envolve outra vez, pluftZOOOM! Me faz gigaaaante. Agradeço. Sei que agora a roda engrena, minha flor de liberdade é delicadeza e força. E o infinito se faz amor em nuvens de algodão doce. Fico assim, certa de minhas asas, e canto, sem pranto. Meu mero encanto!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O mundo paralelo do Eu

Eu? Inexorávelmente eu. Ciúmes não me pertencem com plenitude espiritual no desapego, não ligo pra roupas, não sou chata com a vida, coisas são só coisas, aprenda. O que é meu é seu, sem céu de traumas. Eu? Que nada me tira a paz. Tenho asas e sei usá-las, não nutro nenhum mal em mim, pois metade de mim é bondade e a outra metade é bem-querer. E sinto o cerne vivo, pulsa, vejo sangue na parede. I'm ilive! Eu sei tanto tanto tanto da vida, com minha sabedoria de bruxinha dos caminhos. Pessoas e seus sentimentozinhos mesquinhos, ora, tão pequenas. Sou grande, sou todas! E não sou nada. Pois existe a beleza da magia, da poesia, de tudo-que-sinto-respiro-vejo-toco-assopro-enrosco faço fluiiiiiiiiiir... Eu? Tenho sempre um sorriso para te ofertar. Um coração de melão para te acolher, respiro amor e quero transformar o mundo num arco-íris de flor! Espalhando luas e sóis por aí.... Evolua... Eu vou lua. Eu sou lua. Variante. Constante. Inconstante. Paralela. Difusa. Munida de espinhos, só não te firo por carinho.

Amém, Oxalá, Luz!

Láláláaa!

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

(Mario Quintana)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Que assim seja

E fica ali. Bate, bate na porta querendo sair. A falta do respeito entendido faz dor no meu coraçãozinho de flor. O pecado? Não existe pecado. Tudo é permitido pelo seu umbigo, tu és o Astro Rei, fonte de sabedoria eterna. Carregas o peso d'outras vidas, e a sua moralidade é a tua vontade. Não minha, quiçá deles. Não existem dogmas, tudo é questionável até o momento em que você decide que não deve ser. Perceba, sinta. Feche os olhos para o mundo: a vida não passa de um escrito na areia, e qualquer hora pode vir o mar pra te lembrar que tudo é fugaz. Deleite-se com a compreensão e com a falta dela. Somos poeira diante do infinito, e as energias estão por aí, soltas! Aprenda com elas e liberte-se de tudo aquilo que cala sua voz no peito, não tema por nada que você possa sentir, não existe culpa. Mergulhe nas suas idéias, mas não se perca. A mente humana é a arma mais poderosa, a auto-sugestão é o começo de uma nova era. E quando Aquarius chegar, vocês vão entender o porque eu não ligo pro relógio, e que pra mim mais vale um gesto interno de amor, do que grandes demonstrações de afeto. Eu passarinho que senti. Vôa. Canta. Sonha. Interpreta. Eu passarinho que se rende a luz, e a tudo que é do bem e pro bem. E que minha busca pelo equilíbrio não te impeça de me amar. Pois te amo. Mas sou passarinho liberto e preciso voaaaaaaaaaaar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

She's like a rainbow

Infinitas?
Muito mais que infinitas.
Sou uma pela manhã, outra à tarde e uma terceira à noite.
Às segundas-feiras sou diferente da que sou às sextas. Domingos, então!
Os anos me transformaram, quase no oposto da que já fui.
Se está sol fico luz e rua, mas se chove me sinto nublada e sofá.

Cada pessoa...
Provoca em mim, uma eu diferente.
A divertida.
A serena.
A inteligente.
A meiga e doce.
A ansiosa.
A papo cabeça.
A irritadiça.
A autista.
A doida.

Há até as pessoas que me emburrecem, sem que haja nada que eu possa fazer a respeito (normalmente o homem que estou amando, fico burra de dar pena. Ah, coração de melão). Raras me fazem vazia ou pessimista.

Se bebo um pouco me torno uma que eu adoro,
se muito, posso nem me lembrar de quem sou.

Com as mulheres sou diferente de como sou com os homens.
Sozinha? Não sou ninguém.

Sou como um piano que é sempre o mesmo, mas com infinitas possibilidades musicais, dependendo de quem o estiver tocando.

Como enjoar de mim, se sou um universo de eus tão distintos?
Mas enjôo.

Por isso, além de todas as que já sou,
escolhi ser também,
atriz.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Metamorfoseando

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O silêncio ............................... Antes do beijo.

............................. Silêncio.

Durante o sexo ..................................................

................................... A morte das coisas.

...... Antes do Silêncio ............................... Grito.

Barulhos acima .................. Silêncio .....................

.................................................... Aprecie.

Ou pire ..............................................

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!


E recuso mesmo!


"Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar."

(... Fica calado em mim.)


"Podia te falar de quando te vi pela primeira vez, sem jeito, de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais e seria bom se eu não tivesse visto nunca mais, porque de repente vi outra vez e outra e enquanto eu te via nascia um jardim em minhas faces. Com ipês, girassóis e rosas hora são flores, hora espinho belo".