segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Normalidade inoperante

Joana é isso mesmo que eu entendi? Aquele teatro todo era puro vazio? O drama era meu? Foi da minha cabeça que eu construí esse amor. Eu e minha camisa de botões, eu e minha falta de vergonha, eu e o seu egoísmo Joana. As canções que o seu violão toca, são esboços do que você nunca vai ser. Pode ficar aí, calada. Mentiras não acontecem por acaso. Eu nunca acreditei no acaso.

Maurício você não sabe me ouvir. As coisas mudam de tamanho na minha cabeça, eu só queria outra chance, ter dez anos a menos. Sorrir desse seu jeito de criança que encontra em todo bar um deleite, eu não Maurício, não me foi dado o direito à leveza. Me pesa toda a minha incapacidade, deixa eu ser incapaz, pára de se intrometer no meu direito ao caos.

Maurício devora bolinhos Ana Maria, sozinho, na solidão do trabalho. Joana legalizando seus sentimentos. Joana não teme o tempo, Maurício dorme, o amor é mesmo assim, conflito de uma quase alegria eterna. Que acaba. Com a idéia de felicidade no despertar de uma segunda feira nublada, cortante, cheia de realidade. - Vá pastar Maurício. - Você é linda assim. Brava comigo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Elas por Elas

Ana estava cansada das roupas antigas. Queria um guarda-roupa novo! Queria sempre alguma coisa da vitrine, queria sempre algum rapaz interessante. Seria possível um guarda-amores novo? Ana se enturmava fácil, era alegre, não daquelas excessivas, apesar da pouca falta de sensibilidade para assuntos delicados. Vivia de um jeito insuspeitado, contia todos os mistérios naqueles olhos grandes, que assustavam as esquinas quando ela passava. Gostava de conversar com sua prima Lúcia, que delirava com as loucuras de Ana. - Você fez mesmo isso? Não acredito, Ana! Sabe, eu faria também. Nelson Rodrigues nos amaria.

Just for you

Você que segura minha mão no escuro, eu te reconheço a face pelo cheiro doce carmim, pela tinta que eu espalhei no lençol azul que cobre a sua cama. Escuta que eu te amo de um modo despreparado, eu não havia vivido para essas descobertas, meu coração não escreve com balões de neon garrafais para você entender o óbvio. Que é de toda importância esse toque, seu, meu; que retira as dores de cabeça sem vidros nos olhos. É você mesmo que me faz não ser eu para ser melhor, sem bolhas cintilantes de outras galáxias. É você que eu amo.