quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dois em um


É apenas a morte, a memória dos velhos lugares; renovar aquele sabor de suor e fúria sucumbindo aos corpos na pista em preto e branco. É o mesmo gosto de antes, mudam os rostos mas a temperatura continua propícia ao contatos íntimos; cria-se a devoção pelo toque, nos vestindo deuses de nós mesmos. Na escuridão de cada cela um porta-retrato tomba, não é a música. Na televisão é a violência exposta nas fissuras sociais, sem novidades. Você volta pra mesa de jantar e flerta com o esquecimento, mas sempre sobra uma fagulha de dor. Individual, sua. A minha hoje é um vazio que a minha hipocrisia me permite dizer, é um outro coração que bate junto com meu, não têm ligação de sangue, não têm a menor razão de ser ou de existir. Mas é. Com a sua potência de totalidade o meu vazio quente escorrendo pela nuca ao som de um jazz dançante. Eu brinco de ser feliz junto com vocês, se é pra batucar eu batuco! Sorrir na chuva, eu engulo o frio com cachaça seca cortante em garganta musculosa de tanto engolir choros secretos. Poderia eu perder o senso no show da vida, fiquei com um bilhete roubado; ainda há esperança; há em mim muitos deslizes insuspeitados. Não me tema como se a minha voz fosse te congelar? Eu também quero o conforto da paz, segura, sem tanques nas ruas. Como a gente sonhou daquela vez. Sim, meu amor, como sonhamos.

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