quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

meu corpo
quereres
teu céu
anis

não faz assim delicadeza

em qualquer sete motivos
eu espero... nem sei
nem sabemos
é sempre tarde

não faz assim madrugada

não te sei, teu quarto, tua bateria
meu livro um laço de cetim
nossas vozes, estranhamento
mas no ouvido

faz assim
aprendi a deixar romper
o primeiro foi impacto fulminante
o segundo com gosto de cabelos verdes
o terceiro ainda nem foi. mas será?

passaralho

sangue sujo pela pele clara
fêmea que semeia nos tormentos
o vento corta face
o garoto late

gritos no absurdo choram lua cheia
o sobrenome dele varrendo a quinta avenida
o outro para
ele segue
eu sendo

a noite cansa bolha no indicador
atrevida descasca e dói
nas fezes tortas
de brincar de amor
renovo reflexo

digo olá
e deixo passar

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

quem carrega o estandarte.. tem a arte!

me canso de demorar pra escrever aqui. aprecio o branco das unhas dominando o vermelho.. e só o aprecio porque os demais sentem prazer. o que acontece dentro de mim que não tem volta. fecha a torneira. aquece meu fogo realidade... preciso de uma vida convencional..poderia comprar uma ou seria melhor pegar emprestado pra fatidicamente devolver quando perceber meu caso grave de insuficiência. serei eu tão limitada? como não transcendo os territórios óbvios??? como amorosamente me permito obsessões por ele que não é o outro e me afundo como sempre me afundei na minha auto-imunidade racional..me canso mais uma vez. dos breves momentos. das overdoses furtivas. eu nunca tive ídolos..nunca quis ter a voz da nina simone nunca quis pensar como heidegger...ou ser genial como o oiticica. eu precisava me libertar. eu sempre desejei não fazer parte.. e é duro encarar que é assim porque assim tive vontade. mais um ano que eu entrego os pontos..triste. não, não sinto nada. é oco e escorre pelos meus buracos...é sexual como eu. não vou negar..com o passar dos anos vai ser pior, posso imaginar.. divirto-me entre os exercícios imaginativos... oh... mente cruel.... minto.

domingo, 20 de setembro de 2009

dentro da casca

a minha falta de jeito pra socializar meus planos..confundida com as minhas habilidades verborrágicas. eles estão ali. eu aqui. não tenho vontade de misturar-me. de virar uma coisa só. preciso do silencio do estômago. meus cabelos gritam tesouras..minhas unhas pedem alicate..minhas pernas querem dar voltas..os olhos tentam dormir. onde mora a unificação das cousas? tenho dias de aprendizado..quietinhos. busco uma forma de resgatar minha essência familiar...ter o zelo que me escapa nas vozes. e como eu faço pra juntar meus pedaços que se espalharam por tantos cantos que eu não sei onde procuro...? talvez eu saiba...ignore respostas. o imperativo categórico é recomeçar..a primavera veio...e eu? fico aqui esperando mais uma? não. dizer não basta.. expressar, tão pouco. surpreendo-me com as diversidades...a simplicidade. eu precisei afastar-me de tudo pra perceber que tudo o que quero e sou é com elas. origens. eles. dá tempo de voltar? reconstruir...ser mais doce e menos eu? o coração de melão me diz sim... que a vida dá o tempo que a gente precisa. mas eu não acredito. prefiro o simples e feio. tenho que rasgar os tecidos pra ver a cor das linhas. vínculos? sangue? o eterno que não percebo... voltem pra mim.. o que eu to dizendo... vocês sempre estiveram aqui....

o que sobra das sobras?

começar um texto querendo o impossível.

aquilo que nunca foi escrito..os deslizamentos subterrâneos dos nadas. nada disso. é tudo uma farsa. a mentira velada que eles/eu nunca iremos falar. o que eu quero mesmo? é botar um fim. não.. eu quero é as abstrações de vírgulas. minha válvula de escape que só é diagnosticada quando escrevo. esse demonio da palavra que me come a todo o tempo. e constantemente no banho..escrevo mentalmente. fico distante. preciso da solidão individual da qual me desprendo furtivamente quando qualquer ser me olha nos olhos. controlar os excessos alheios? porque os meus eu adoro. interrupções, as angústias do outro me tocam. o outro sempre sou eu sou nós em estados de entendimento...invariáveis. cortinas de fumaça que aprendo a tragar com peito limpo de quem se prepara pro novo mas não se joga a beira-mar. a permanência difícil dos estados? eu não queria dizer "nadas". eis que vem o desejo intermitente de que a massa cefálica pare de produzir tormentos. tenho mentido tão mal ultimamente..que quase me esqueço que faço isso tão bem na minha vaidade adequada aos meus confortos eróticos. o impossível? dominar a enxurrada de pensamentos enquanto o dedo desliza na tecla no dorso nos móveis coloniais que fecho em rachaduras dissimuladas. com um dedo só. sem estéticas de contemplação. deixo-me cortar pela tua insensatez. arde. machuca. deixo de novo. a mercê do etéreo..artifício rugoso do relacionar-se.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

nasceu negro..virou branco..e vai virar cinza.


como de costume passo meus olhos curiosos pelas palavras do jornal..fixo e leio: morre michael jackson..dei um riso meio bobo do tipo ai, que piada cafona com o pobre do michael. seguido de um opa, não é que o rei do pop dos anos 80 morreu....isso mesmo, dos anos 80. porque na atualidade não passava de um pedófilo excêntrico camaleonico obsessivo. não senti compaixão..não ando num ciclo de sentimentos nobres..já me enganei mais. no máximo uma nostalgia da billie jean que eu requebrava na infância. é meus caros, nasci nesses anos oitentinha e acho graça quando vejo meus vídeos imitando a madonna com cones nos peitos que eu não tinha e a calça na altura dos peitos que hoje tenho. agora convenhamos, o cara era um chato de galocha.. mas ninguém pode dizer que ele não revolucionou uma época. com seus clipes cinematográficos e sua famosa puxadinha no saco. thriller é deveras bom. eu sempre tive uma inclinação pra bizarrice... e procuro decodificar o ser humano.. mas um cara que passou a vida negando que era negro é ojeriza injetada em todos os ápices. fãs desesperados, peguem suas máscaras de cirurgia coloquem na cara e ao invés de chorar por um ídolo que já estava enterrado séculos em neverland... protejam-se da gripe suína. no mais, quando chico buarque morrer eu choro.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

o contrário do que eu disse antes

encontrar o sentido obtuso das cousas parece dominar minha visão cansada de discussões. e se eu digo isso é porque quero dizer ou porque o que eu não digo permece explícito dizendo? as angústias do ser fértil evolutivo..o semblante que falha diante de qualquer impressão de ameaça. abandonamos a pele humana e primitivos soltamos os bichos. vivemos na era do "é mais fácil gritar do que se fazer entender" e nesse longo caminho percorrido pelos homotários nutrimos a decadencia em que respiramos. somos a cria da violencia urbana reflexos de nós mesmos mas a culpa, ah! ela é sempre do outro. a carga católica coloca bolas de ferro em nossos pés pecadores, somos estamos e mudamos hedonistas da nossa sala de estar..e com corpos depilados destilamos nossa fúria com prazer. é mais fácil dar um soco do que ouvir? é mais fácil ouvir do que dar um soco? dar um soco é fácil? e ouvir???......nos moldamos a margem do que queremos ver. mas a imagem está turva e nos resta a percepção do outro. para com o outro. o inferno somos nós.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

piranha com orgulho


desprezo falar "os homens" desprezo todo tipo de sexisismo virulento dá época em que piranha era somente um peixe. desprezo ainda mais as "pseudo tenho alguma coisa na cabeça li alguns livros gosto de arte escrevo esporadicamente e acho que sou gente" psicoticamente normais. essa espécie insegura e ciumenta em sua maioria com vazios abissais no que eu chamo de base de construção do ser humano..são facilmente reconhecidas por chamar a outra, qualquer outra que não seja ela, o centro de um caótico universo, de piranha. aí você pensa: olha o que fizeram com o coitado do peixe. coitado sim, pois ele passa a vida no nadar nada dando. mas isso é cuspida para um outro dia. o fato é que também possuem outras características tais como: os piores problemas do mundo me habitam.. algumas se esforçam para mostrar que são inteligentes..ou mega iguais nos tons pastéis das tintas loiras pro cabelo. e se assemelham aos produtos vendidos no?..isso, muito bem, supermercado. acho falar piranha putinha safada na hora do sexo divertidinho e dependendo de quem estiver falando muitíssimo excitante. e divirto-me em demasia quando elas agarram seus machos na minha presença ameaçadora. afinal, deve ser difícil mesmo competir com a minha falta de pudor. tendo em vista que a definição popular para piranha não me desagrada: safada, moralmente corrompida, sem resquícios de moralidade. questionem..que direito eu (lírico, metafísico, social) tenho de julgar o comportamento de um outro ser que tem toda a liberdade sobre o é da questão. pensem e alimentem o que for nutrir o cerne intelectual do que nos é exposto..e basta, não colaborem para a degradação metal em massa.

estranha-sujeira

renasci. reformulada das terras que plantei com a mão, não moro em mim..não morro em mim..não choro mais que é pra doer pra sempre aqui em berlin nova york com um malasiano beatlemaníaco de cabelo roxo com um javali de cinco metros de altura que eu invento no reflexo do som que escuto. estou perdida..os caminhos precisam emergir dos sonhos que entrego ao primeiro que não for bonito nem feio e tiver pescoço longo..tara nada secreta por aquele pedaço de pele que liga a cabeça ao resto do corpo. olho pra dentro. inserida nas mazelas moderninhas com avidez de informação passiva corro pra te alcançar..e voce não vem..o dia tá indo embora. alguém me cura disso que eu não ouso falar porque minto tão bem..sempre menti. e nunca me assustei com meu poder de destruição em massa com a fúria de uma alcatéia faminta sou fogo que brilha forte na porra da janela que eu não abro preferindo ascender a luz. fica mais tempo por aí..que meu encontro é sempre comigo e que meu amor é muito meu. a menina prodígio está morta eu a matei com todas as minhas escolhas gordurosas aos olhos cansados meramente sexuais. agora afasta a vodka do meu lado..engole todos os entorpecentes que eu quero qualquer tipo de lucidez...qualquer coisa que me faça descansar da loucura de ser carne.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

o infinito de um momento


... acordou sem muita vontade de acordar sentia seus calos doendo das noites que não conseguia se multiplicar em algo pungente rolou pela escada que não permitia parar com tantos degraus perdida achada num quarto de hotel lacrimejou pelo cheiro forte que vinha da sua pele junto com toda aquela massa de suores distintos por puro feitiço resolveu vomitar revirando banheiros e se dando conta em mais uma esquina tão barata quanto o seu próprio preço voltou a estar onde sempre esteve encontrou o isqueiro que tinha perdido ao lado de sua aparente dignidade achou melhor deixar por lá ela gostava de achar casos fatos e gostava de perder no jogo passou a vida perdendo tentando ser maior que o ciúme daquele cigarro que a dominava ao lado dos lixos carros sirenes pedaços de asfalto que ela carinhosamente chamava de lar...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

atriz-teza é senhora das ciclovias

... a gente simplesmente deixa de fazer as cousas e as almofadas do sofá marfim se tornam abismos de águas torrenciais verdadeiros labirintos de fatigadas erosões a gente deixa de fazer se esquece de dar o e quando dá lembra que dói mas é bom deixa de arrumar a cama ficar sóbria fumar charutos cubanos com malícia despretensiosa e aquela ligação que eu não fiz o sorriso que não estou afim de retribuir engulo tudo pela manhã com banana amassada e neston de tarde a azia me puxa pelos cabelos curtos as decodificações ficam deveras óbvias pro meu senso felino de obsessão e vomito com ternura arrependida e dou o de novo pra não esquecer te faço dar e queimo as pontas dos dedos no forno das mulheres que me excitam me atraso porque o coelho corre com o relógio e o tempo não é meu achada ou perdida em meus países portos cais anseio de coração é pedra na lareira do gozo que escorre entre as pernas e você lambe tudo como se me entendesse como se fosse pra entender e a gente simplesmente volta aos erros se entrega as maravilhas psicóticas de paus bucetas livros e afins de novamente deixar de fazer as cousas...

terça-feira, 10 de março de 2009

hemorragia


... como eu me sinto como tu me sentes os resultados provocados pela minha química alterada eu só sei viver na corda bamba no vazio e não tem circo nunca houve platéia não me ofereci a outra realidade que não fosse a minha buceta molhada com algum restinho de pureza eu que sou triste porque acho bonito derramar lágrimas e vez ou outra me acho bonita também quando mulher sofrida me embalo aos soluços preciso mesmo de algumas horas caóticas para me sentir perto de algo que possa parecer belo pois voce não sabe o que é ser ferida feia com casca grossa eu que tenho tantas máscaras que não sei qual é o meu rosto eu que não tenho raízes eu que não te pertenço não te quero pra mim nunca quis eu nunca busquei nada só anseio possibilidades quero engolir as secreções de todos os corpos nus em todas as esquinas vazias do teu gozo gosto cheiro que vagueiam o submundo dos meus pensamentos louca vadia abastecida dos teus ângulos de visão sobressalentes entorpecida por todo o vício aprisionada com a sua pseudo perfeição de papel adoro forte quando você erra adoro quando desejas tantas todas somos feitos de ausências prazeres abismos adoro te ter longe adoro te ter livre adoro adoro adoro você e a adoração nem se faz amor está acima dele amor é qualquer coisa de sacro de santo e eu só sei gostar de qualquer jeito sujo volátil subversivo transitória ao meu tempo ao seu tempo a idiotices astrológicas espirituais e te amar sem te amar e ser sua e não ser te amo involuntariamente pois o resto que arde em mim é ópio silencio desapego nasci sem mecanismos sociais estou perdida por tempo indeterminado no planeta terra um dia eu me encontro por enquanto gosto do meu sabor de me saber tapume e me melar inteira com meu leite teu leite nossa inocência profana quando você me arranca flores me cuida e eu só quero cair e me misturar as outras rosas cobertas de lama em qualquer jardim que faça minhas vozes calarem com sexo barulhento ou drogas intelectuais você me arranca magia masturbação sensorial de primeira linhagem e me sorve nutre do eterno etéreo amor que eu sempre reneguei hoje acordei poeta morri demais ontem morremos nos amamos e tudo fica estável como um elefante indiano em cima de um pequeno balde colorido...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Prenda a respiração! prenda a ação!!


me vejo no centro de tudo que gira e não existe direção quando me elevo aos extremos físicos e acordo cedo para pintar as vergonhas na cara seguir o fluxo e repetir por mais quatro dias até que vem a tona o cansaço sobre todas as coisas em desespero de alegria hospedada em papel ácido que engulo para dar onda fugindo da melancolia pela busca fugaz de sorrisos morenos e vai embora a magia que volta em outra estação com menos sol escorrendo prazer hedonista do qual corro atrás na frente em cima em baixo de ladinho e deixa estar que minha negação é íntima e meu sexo é para todos e para ninguém pois agora enchergo além mar muros montanhas e sei a verdade de cortes vinhos palmitos pepinos pimentas devaneios coletivos e afins de me provocar tesão moribundo variávelmente instintivos e não aturo mais que quatro dias é o suficiente e ainda falta tanto sendo tudo tão pouco raro especial que jogo pro alto que nem confete murcho em quarta-feira de cinzas... todo carnaval já vai tarde.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ó abre alas que a loucura quer passar


...quero ficar triste no lugar onde dormem as fantasias indesejadas mas é tarde o bar fechou e fico parada entre trepadeiras degradada ignorante ironizando a sensatez da avenida que desprezo em minha multidão racional de rosas brancas despetaladas descrente de ideais dionisíacos e vira tudo uma gozada eufórica sexual que vomito nas madrugadas de ladeiras gélidas conceituadas pela minha solidão em dia dissoluto de surtos que eu chamo de arte. e que fique decretado que sou louca e não pretendo me curar...talvez o instinto do real abandone suas vestes e ainda permaneça o soberano da escrotidão impulsiva medo do qual eu também não pretendo me curar... em tempo de folia febril não me resta ilusão foi só um pierrot que mutilou meu vagabundo coração.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Crise dos 20


horas tristes que a borracha vaidosa não apaga em memórias caóticas impossibilitadas por mim que já não moro em lugar nenhum não vejo soldados nem guerras e já não sinto janelas não cuspo em nada com o gozo preso junto com os risos trancafiados na alegria injetando nos meus anéis de saturno toda a psicodelia pragmática que sustento com dor nas costas e grito tão alto quanto tudo me ignora. insuspeitada de obscenidades supridas num consumo aleatório de entorpecentes que se comprometem entre os meus vazios. e comprimidos de tarja preta não me provocam o tesão de outrora nem tapas na cara nem dedos na buceta fica o pau de todos ócio me deixando interrompida com o barulho da pulseira maldita que não me serve de nada e a sombra se faz inútil frente as minhas baixezas mediocridades concedidas com liberalidade neo-dramática em busca de equilíbrio entre os meus rins podres de esperas tortuosas e realidades ásperas de uma primavera que não deveria existir sem folhas secas dores de garganta ou vertigens suicidas...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quarentena


acordo de um cometa profundo nada dói nem cansa, meu corpo recolhido em lençóis contaminados de espera revolucionária e ocorre o beijo como ocorre o corte e inunda todas as minhas vísceras sentimentais quando a tarde mastiga as horas e por um senso astrológico e pura baboseira caótica eu me afundo em mim... e lá no fundo eu começo a arrumar os objetos sem ordem de importância e vou varrendo meus delírios safados pra debaixo do tapete persa que me provoca com suas cores e faço força pra tocar na prateleira de sonhos quando esbarro displicente em tua caixa de sapatos e junto com ela papéis de pão de giz de mundo de vida de tudo que me esmaga por dentro sem escolha lírica potencial. me sinto a invasora de tuas terras solenes quando remexo em seu passado suado de suas opções mundanas recolhidas em pequenas frações de cartas bilhetes resquícios que o sol apagou, e absorta com a sabedoria que bate na porta branca estrelada me vem as lágrimas o coração aperta da vontade mais santa de dizer que eu me encontro mais na sua escuridão do que em qualquer pedaço do poema rasgado que vivo nutrindo em meu cerne saliente enfático abastecido de ti. filosofava que esse "sentir" fosse demais pra minha profundidade reflexiva e amor pungente transborda em meus beirais com a vontade de nunca lavar meu sexo pro teu cheiro se perpetuar em meu útero dando luz a uma flor que viajará todos os reinos perpetuando loucura inquieta dos eternos pensadores que somos. e tento lhe falar enquanto vejo a chuva cálida pela janela do quarto cheia de seus sabores velas livros sons que me tocam mais que tudo que eu já vivi, é então que me percebo extensão concreta do teu braço pelos votos antigos e as vontades de sempre. sei, vai chegar o momento em que nada disso vai me bastar lunática que sou terei que enfrentar meus demônios sozinha acompanhada somente de meu umbigo existencial e antes que a chuva pare ou que o jazz me envolva de tal modo que eu não consiga te expressar o furacão imaginativo que habita minha pele que coça de volúpia insaciável escuta que fucei tudo, tudinho mesmo. amei teus amores junto com você, fiz tuas mutações, senti teus sentidos sem sentido e envelheci teus anos dourados de poesia, e fica materializado em meus seios redondos de juventude que tudo vira um imenso nada e dentro de todas as veias artérias paixões 20 primaveras eu compreendo tudo através de seus olhos de menino. te prometo perguntas abismos respostas fontes inesgotáveis pelo teu existir impetuoso de minhas vozes com urgências e ausências, te amo pelo próprio amor, o inevitável dos loucos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Era de Aquário


sou eu de folia meu escudo é cara lavada minha alma viajada posta em panos brancos na mesa do quarto por cima os retratos os meus textos rasgados meu presente conceituado em baixo a poesia a sapatilha o all star encardido meus fragmentos repartidos em colares de contas em sementes plantadas pela janela que brota em todos os quintais de todas as pessoas que dizem sim. reconheça o planeta aquário mundo lunático-solitário de existencialismo indecente sonegado guardado no armário junto com as flores e botões desbotados liberdade mastigada em canções pra falar do além e não vem a quem fazendo parte da parcela somática que cria arte como sonhar-te unindo todos os credos e cores estabelecendo amores o sonho não acabou...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Siricutico




... surtos me impulsionam para dentro de mim, o desejo de externar minha escuridão melancólica que dá um nó em minha garganta tão ultrajada de sensações tolas que eu deixo escapar e rapidamente elas se tornam muros indestrutíveis que eu chuto sem conseguir lapidar nenhuma partícula dessa estranha força que me move. sou movimentada por aquilo que não chega a ser dor e se assemelha a qualquer tipo de erosão ou entendimento de enxergar demais. e vejo a roda-gigante vida de todos os ângulos sem conseguir modificar ou meter meus pincéis mas o dedo na ferida fica lá orgulhoso do meu caos e da minha liberdade de ser eu e de deixar sangrar pra ver até onde vai até onde eu piro minto suponho entender e ver? a grande vastidão que me descontrola e nutre da minha filosofia inventada da artéria que salta enquanto eu trinco os dentes em busca do equilíbrio de respirar sem peso social. e tenho sempre que me afastar e dar voz a loucura que me cabe escolhendo o caminho da verdade que machuca tanto quanto eu preciso de ar. construindo pontes tortas que me levam a imperfeição reveladora e antes que eu não aguente o sentimento vou de encontro ao verde que de tudo me acalma daí então volto e novamente me desconheço...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Sem luneta, só o olhar


.. critico todas as luas cheias sem colorir palavras e quando escrevo é sempre dessa dor só minha inegável irreversível intransferível folhas verdes roxas cálidas formas de um viver. fico rendida quanto o peito aperta ao começo do senso remoto de psicologizar deve ser um tipo de coisa pior que vício faz mal e eu não respiro imune ao turbilhão envolto em pensamentos que minto. faz parar. assim como eu paro os ciclos quando os percebo. os rios. as minhas fontes tão inesgotáveis de areia que engulo na sombra quente esfumaçada dos cachos que se foram com a minha identidade humana. terra vermelha dor desmoronando aos poucos pequenos pedacinhos que rolam de mim até que me desfaço. não sou. não existo. e sinto saudades... eterna saudade do inexistente. penso que pensar fica além do pensamento encanto e peso quando tudo me parece tão forte como mil toneladas de caos trituradas em processos de evolução precoce extremada até que me deito mutilada por dentro porque prefiro girassóis e não vou mudar pois meu céu nunca foi azul e verde púrpura cor de vazio não tem fim e não ser mesquinha safada insana pintar o cabelo de universo mas é que lágrimas caem... e eu sempre deixo a janela aberta pra tudo escorrer.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Lilica irrita irrita


...isso de respeitar as lágrimas eu deveria aprender, então daqui debaixo bem mais em baixo que o tapete que a poeira que o pó que o inexistente mora uma orelha que eu ainda não descobri. isso, tenho três orelhas e de fato deveria ser engraçado e não é. ela a orelha que eu desconhecia, devo eu dar um nome pra quem sabe a sentir mais próxima? como um ente querido ou um amigo que a gente dá um apelido pequeno pra relação ficar mais estreita. a lica (minha terceira orelha cujo nome se originou de uma fragmentação do modo que me chamavam na infância e que muito provavelmente tem alguma conexão direta ou não com essa minha parte obscura) escuta mais do que eu entendo e me assombra em cada pincelada de distúrbios que fingem fazer parte de algo que se encaixa no mundo, e eu pelo que me compreendo com duas orelhas e algumas razões me sinto tão pequena que não me vejo. as vozes na multidão parecem que sempre vão me assustar e que com a ajuda das minhas ausências vai doer. e nesse estranho momento tudo faz algum sentido raso. eu arranquei a lica antes que eu pudesse absorver mais e por extrair as suas possibilidades de forma prematura ainda me sinto com elas. vai me magoar pela eternidade e por todo o sempre eu a teria expulsado por não ser capaz de ir além daquilo que sou, e já que sou o jeito é ser... a lica me dói tanto tudo me dói tanto a dor existe e isso é tudo que posso afirmar e minha existência fica pairando entre os fios do ventilador e as horas que vôam lunáticas pela sua voz que irrita meus ouvidos nem sempre românticos que doem também. a percepção da dor talvez seja a sensação mais real que a gente respira das formações questionáveis em que vivem o bicho homem. talvez, só por hoje, a dor tome forma de faca e me corte em infinitas vibrações...