domingo, 28 de agosto de 2011

Uma intolerância tinha ganhado espaço na minha devastação, não era o genio forte que me fazia elevar a voz, era a falta, o reencontro com o que morreu, eu sabia que a morte era a única certeza que temos na vida. Mas e se nos próximos cinco anos eu ainda enxergar esse vazio na linha do horizonte? Pensava em suicídio, tentava a religião o álcool, o sexo. Não, não vai passar, mas se modifica. E essa linha tenue reconfortava os domingos insossos. Voltar para o início ou me atirar ao novo? A novidade me atraia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Já pensei em me esvair em palavras, arrancar todas até não sobrar eu. O que restaria então? Sonho travestido de sombra dos dias híbridos. Peito aberto, fratura exposta, meu coração forte, frágil, desvairado em consciência. Quero pintar as paredes de dentro de azul, sim, um azul pungente, que esmagasse a certeza que fazia encantamentos sórdidos. O por debaixo dos panos me vibrava as percepções com a cartola na cuca maluca. Faço mágica com as palavras, mas a platéia percebe o truque? Estou vestida de escolhas, não tem coelho na minha cartola, é tudo paixão. Não acredito em nada que não tenha paixão.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Gente que não presta, não abandono vocês.

Toda evolução tivesse o motivo que fosse, partiria de você; só de você. Eu queria uma solução exatamente milagrosa paras as minhas causas, eu não me justificava nessa mesa de madeira, eu devia pegar o metrô e cumprir meu destino, mas a idéia mesmo que menor que um grão de arroz de estar presa ao que quer que fosse me provocava arrepios, não do tipo bons, mas aqueles em que o grito corre seco pra garganta. Desde pequena eu não sei me apegar; tinha o bicho da inquietude no sangue, ele se alimentava de mim, eu me alimentava dele, era uma troca recíproca. Só sei estabelecer relações recíprocas. Como vocês podem ver nasci mulher, pele clara, cabelo castanho claro, ondulado; olhos quase que da mesmíssima cor dos cabelos. Mas gosto de dizer que são cor de mel. Essa descrição toda é pra dizer que apesar da aparência eu sempre me senti com uma parcela muito baixa do senso feminino em mim, eu não tinha grandes neuroses, extremas psicoses, meu destempero era controlado; vez ou outra eu soltava a macaca, as vezes acho até que eu gostava de brincar de me importar com certas mulherzices. Claro que eu tinha umas falhas grotescas, as vezes era fria demais, dura demais, sincera demais. E da relatividade dos meus vinte e dois anos eu sei o que faz diferença aos meus olhos. Sempre fui do tipo sensível, não a sensível que chora, mas a sensível que percebe o mundo pelos seus pedaços, junto cada detalhe; observo escuto, me sinto onisciente. E não pense que isso é dádiva, e não adianta dizer que volta atrás de tudo, me ligar todas as noites, e ficar choramingando para os nossos amigos, acostume-se, minha sensibilidade nunca viu ninguém morrer de amor.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Espelho do amor

Ele tinha visto minha alma; mas só porque eu deixei, eu gostava dele só porque eu queria gostar, todo aquele sentimento na verdade era meu, não dele. Eu escrevia poemas diários porque é da minha natureza, eu confundia tudo porque fui criada achando graça da confusão de ser eu. Eu gostava dele porque me via nele, todo gostar é um pouco de nós, quase ego, mas não chegava a ser exatamente ego, era vontade de se assimilar com iguais, vejo no outro o que gosto em mim, quero ele perto porque sou mais inteligente perto dele.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Desconcerto

Poderia viver esquecendo tudo o que eu já sabia; aquela minhas sensações podiam ser evitadas, eu podia fazer parte da totalidade que ignora o por trás das cousas, eu não o fazia. Mas podia. Em cada fatia de momento me obrigavam à escolhas. Se eu fingisse que não acredito nas metafísicas que comprovei existir estaria eu negando o óbvio em mim? Até que ponto a panela da vida não solta uma fumaça tão constante que chega a cegar o inesperado... Fazia diferença, eu falava pelos cotovelos mas ouvia muito mais, estava atenta a todos os detalhes, um batom um toque no antebraço, as verdades quando são nossas não sabemos desconsiderar, fomos criados pra aceitar o mastigado, criar entendimento decente e sorrir. Não que eu prefira os dias nublados eu gosto de praia sol eu gosto até de você, mas é infinita a dúvida entre céus e terras. Passava do meio dia e eu não tinha fome, engoli a seco que eu sou responsável pelo que sinto;

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não acreditava em Destino.


Sentada na praia desconhecida avistava novamente o mar. A cor não era mais a mesma, tinha mudado o jeito de ver? Mas aquele azul de qualquer tom a encantava. Cismava que não podia ser a mesma do retrato, então o enrolou e colocou numa garrafa de vidro e não jogou ao mar. O seu passado era um tesouro enterrado; enterrou a garrafa. Desejou se reencontrar num fururo próximo. É quando a gente sabe que o novo chega; podia sentir o sabor da reciclagem, um novo lar pra descansar os objetivos, estava cansada de liberdade superficial, só assim voltava a sentir os sabores doces, o misto quente de pão fininho pela manhã, o suco de laranja que ela nunca gostou, mas vira o copo. E sente o líquido se afeiçoar ao corpo, já não parece tão ruim, nada agora poderia ser tão ruim, as batalhas deixaram cicatrizes sábias, a lembravam de sua mortalidade pagã de simples ser urgente, necessitado, inconstante. Mantinha-se calma, sabia que tinha apenas oito anos para definir o que prolongou por egoísmo de sobreviver, via como águas límpidas onde o seu calo aperta, onde suas prioridades são eles e não ele. Entendeu numa mordida quântica que era vital se afastar de suas extremidades. Agora arruma a cama, observa os detalhes da casa interna, decorou seu coração com rosas púrpuras azuladas, era louca por azular as rosas as paredes a vida pra ela só podia ter sentido no azul. Pegou seu ticket e correu pro próximo brinquedo, entrou num que parecia uma caixa, nele havia uma borboleta escura tentando sair pelos vidros, ficou a imaginar como ela foi parar ali, se identificou de imediato, também não sabia suas razões de estar, mas estava. E ria. Sempre sobrava um sorriso de um ciclo da vida, Viver era aprender a sorrir mais uma vez, de novo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Olá, Planeta Aquário

....não há lugar para crise alguma esse sol intermitente me agustia com a saliva que corta a pele da boca frágil acima das rupturas não há vírgula que me separe da intensidade que as cores doem nos ouvidos gritando aos olhos cortando as vísceras sem pontas de facas cegas surdas mudas malditas fatiadas nas percepções sensoriais que eu me aproximo de saber sentir e vem você do outro lado da terra vemelha escomungando minha devassidão natural latina apodrecida com a carne de sol que você deixou às moscas tórridas sensações que eu gosto de vestir com anéis perolados imitando um novo planeta que é minha revolução de um novo ciclo onde soma-se vinte e um anos mais onze meses e todos os colápsos imagináveis...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Normalidade inoperante

Joana é isso mesmo que eu entendi? Aquele teatro todo era puro vazio? O drama era meu? Foi da minha cabeça que eu construí esse amor. Eu e minha camisa de botões, eu e minha falta de vergonha, eu e o seu egoísmo Joana. As canções que o seu violão toca, são esboços do que você nunca vai ser. Pode ficar aí, calada. Mentiras não acontecem por acaso. Eu nunca acreditei no acaso.

Maurício você não sabe me ouvir. As coisas mudam de tamanho na minha cabeça, eu só queria outra chance, ter dez anos a menos. Sorrir desse seu jeito de criança que encontra em todo bar um deleite, eu não Maurício, não me foi dado o direito à leveza. Me pesa toda a minha incapacidade, deixa eu ser incapaz, pára de se intrometer no meu direito ao caos.

Maurício devora bolinhos Ana Maria, sozinho, na solidão do trabalho. Joana legalizando seus sentimentos. Joana não teme o tempo, Maurício dorme, o amor é mesmo assim, conflito de uma quase alegria eterna. Que acaba. Com a idéia de felicidade no despertar de uma segunda feira nublada, cortante, cheia de realidade. - Vá pastar Maurício. - Você é linda assim. Brava comigo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Elas por Elas

Ana estava cansada das roupas antigas. Queria um guarda-roupa novo! Queria sempre alguma coisa da vitrine, queria sempre algum rapaz interessante. Seria possível um guarda-amores novo? Ana se enturmava fácil, era alegre, não daquelas excessivas, apesar da pouca falta de sensibilidade para assuntos delicados. Vivia de um jeito insuspeitado, contia todos os mistérios naqueles olhos grandes, que assustavam as esquinas quando ela passava. Gostava de conversar com sua prima Lúcia, que delirava com as loucuras de Ana. - Você fez mesmo isso? Não acredito, Ana! Sabe, eu faria também. Nelson Rodrigues nos amaria.

Just for you

Você que segura minha mão no escuro, eu te reconheço a face pelo cheiro doce carmim, pela tinta que eu espalhei no lençol azul que cobre a sua cama. Escuta que eu te amo de um modo despreparado, eu não havia vivido para essas descobertas, meu coração não escreve com balões de neon garrafais para você entender o óbvio. Que é de toda importância esse toque, seu, meu; que retira as dores de cabeça sem vidros nos olhos. É você mesmo que me faz não ser eu para ser melhor, sem bolhas cintilantes de outras galáxias. É você que eu amo.