sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Noite feliz


Sinceramente, tinha me esquecido o quanto deles tenho em mim. E eu até podia negar, mas é que já não sou aquela "menina-subversiva-do-cabelo-verde". Esse Natal foi um dos mais felizes, com tantas risadas, e com verdades que nunca quis ver... A alegria desses sorrisos me contagiou tanto! Num íntimo tão profundo que nem me atrevo a falar. E por mais que as diferenças existam, por mais que eu creia que o Natal é a data mais capitalista do mundo e me entristeça com isso, eles são meu reflexo no espelho... De um jeito torto e mal acabado, mas ainda sim fazem parte de mim. Meu coraçãozinho repleto de carinho estava distante... numa cidadezinha do Sul, olhei a lua por horas e só pensava nele, a lua sempre me lembra o brilho da cor indefinida dos olhos teus. E dentro de meus sonhos ecoava a certeza de que ele era parte fundamental de minha felicidade, e só depois de receber a sua ligação meu coração sossegou... E dormiu contente. Em uma linda noite de Natal.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Entendimento

Me deixa toda ligada em você.
E sem que eu consiga perceber ou evitar
Você vai embora, busca outros mundos...
E eu fico aqui, a te desejar de forma infinita.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Caio Fernando Abreu


"Mas não choro, mesmo que de repente me perceba no chão, buscando uma marca de sapato, um fio de linha ou de cabelo, os cabelos dele caíam sempre, ele os jogava sobre os telhados pelas tardes, repetindo nunca mais, nunca mais, e acreditávamos que um dia seríamos grandes, embora aos poucos fossem nos bastando miádas alegrias cotidianas que não repartíamos, medrosos que um ridicularizasse a modéstia do outro, pois queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras, mas nos cantos daquele quarto tínhamos força sangue esperma, talvez febre, feito tivéssemos malária e delirássemos juntos."



segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mundo meu

Estou ficando velha, não tenho paciência pra romances juvenis, nem saco pra diversões vazias. Me sinto avessa ao tempo, não aturo lugares cheios de mentes estúpidas e eufóricas. Uma velha chata é assim que me sinto, metódica com alimentos, escritores, filmes... Já vivi tantas sensações, tomei tanta porrada da vida, e aprendi, e como eu aprendi. Ah, as paixões! de todos os frutos provei. Desbravei tantas cidades, toquei tantos corações! Que diante da existência me sinto segura e preparada. A modernidade não me agrada, minha alma é antiga, e o antigo vive a me encantar com sua música!!! Com o charme dos vestidos clássicos, os carros, a doçura. Não suporto a banalização do amor, nem esse conceito pós-moderno-vulgar de "amor livre". Creio ser apenas mais um mal do novo século, e que as pessoas buscam sexo pra preencher vazios insolúveis em suas mentes pequenas. Não importa quantas pessoas você ama, e sim que você ama de verdade, não tenha medo, se entregue! Percebo que as pessoas se surpreendem com a minha bondade, elas não acreditam que possa existir uma donzela com tantas boas intenções. Mesmo assim mantenho sempre minha postura de pureza, pois provarei ao mundo que a bondade e o amor merecem ser cultivados.

Responsabilidade Social

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."

(Ernesto Che Guevara)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A mulher carioca

E a mulher carioca
O que é que ela tem?
Ela tem tanta coisa
Que nem sabe que tem

Ela tem um corpinho
Que mais ninguém tem
Ela faz um carinho
Melhor que ninguém
Ela tem passarinho
Que vai e que vem

Ela tem um jeitinho
De nhen-nhen-nhen-nhen

Ela tem, tem, tem...

(Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Confesso:

- Eu ainda tenho medo de espíritos.
(sim, eu acredito neles).

- Fico envergonhada quando eu chamo muita atenção.
(mas não deixo ninguém perceber).

- Sou vegetariana mais odeio tomate.
( nojo! nojo! nojo!!!).

- Tenho uma paixão incontrolável por leitura.
(preciso ler todos os dias, vício!).

- Gosto mais de beterraba do que de pudim.
(tá! eu sei que sou a única).

- Sempre acho que vou morrer quando tomo remédio.
(pqp! ódeio tanto que prefiro tomar injeção).

- Tenho verdadeiro pavor do sabor da Coca-cola.
(líquido fidumaégua!).

- Sou incapaz de ser ruim.
(e me sinto meio ingênua por isso).

- Acredito demais nas pessoas.
(e não pretendo mudar).

- Adoro sapos, orquídeas e verde.
(detesto cor-de rosa!).

- Sou absolutamente imperfeita.
(e me divirto com a falsa normalidade alheia).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Samba, Samba, Samba!!!

Dia nacional do Samba, êbaaa! Eu, praticamente a versão feminina de Vinicius de Moraes, carrego a boêmia, a poesia, e sou a branca mais pretinha do Brasil!!! Não posso escutar uma chapinha batendo no chão que já vou logo sambando. Quem é bamba nasce bamba, não é pra qualquer maria-vai-com-as-outras! Chego na roda de Samba e provo minha raiz, a malandragem Carioca, meu amor pelo Salgueiro, o carinho pela Portela, respeito pela Mangueira! O trem do Samba foi iraaado, fecho os olhos e posso sentir a galera astralizando numa sintonia perfeita. E mais lindo ainda era o carinho do casal, entre um samba e outro, estavam os beijos! Entre um copo e outro, os abraços. Tudo fica mais completo quando estamos juntos, incrível! E no Samba é só chegar que tem lugar pra todo mundo! Preto, branco, pobre, gringo, amarelos, azuis... Caralho! comi a batata frita mais barata de todos os tempos, haha. Me pergunta se partiu Madureira?! Sempreeee.

Meu, só meu.

Poética vulgarzinha rima com dó.
As mais lindas declarações são pra mim e só.
Presentinhos da cidade da garoa me deixam assim...
Sem palavras, só sorrisos gravados em mim.
Foi lindo, és lindo! drindlindlindlin
Sininhos de amor, profetizou o querubim.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Belchior - Alucinação

Eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia
Para acompanhar bocejos, sonhos matinais
Eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Nem nessas coisas do oriente, romances astrais
A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais
Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha
Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais
Garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro
Os humilhados do parque com os seus jornais
Carneiros, mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar
E a solidão das pessoas dessas capitais
A violência da noite, o movimento do tráfego
Um rapaz delicado e alegre que canta e requebra, é demais
Cravos, espinhas no rosto, Rock, Hot Dog, "play it cool, Baby"
Doze Jovens Coloridos, dois Policiais
Cumprindo o seu (maldito) duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Cumprindo o seu (maldito) duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Mas eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia
Amar e mudar as coisas me interessa mais
Amar e mudar as coisas, amar e mudar as coisas me interessa mais
Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha
Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais
Garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro
Os humilhados do parque com os seus jornais
Carneiros, mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar
E a solidão das pessoas dessas capitais
A violência da noite, o movimento do tráfego
Um rapaz delicado e alegre que canta e requebra, édemais
Cravos, espinhas no rosto, Rock, Hot Dog, "play it cool, Baby"
Doze Jovens Coloridos, dois Policiais
Cumprindo o seu (maldito) duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Cumprindo o seu (maldito) duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Mas eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia
Amar e mudar as coisas me interessa mais
Amar e mudar as coisas, amar e mudar as coisas
me interessa mais!!!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

si-fu-xi-pá!

Felicidade pulsando em mim, num ziriguidum que salta aos olhos. Vejo tudo fazer sentido, compreendo verdades que sempre neguei, ora como sou voluntariosa! Mamãe tava certa de um jeito torto, é que a merda da minha rebeldia me cega vez ou outra. Vejo luzes, muitas! muitas! e todas elas vem de você. Ahhh, que dorzinha gostosa essa que sinto no fundo do peito, tanta coisa pra dizer, tantas sensações explodindo colorido. Será que alguém já explodiu de tanto sentimento? Creio que não. Mas do jeito que sou azarada, duvido nada, sabe como é mermão! Quero gritar meus belos ideais! quem sabe inventar a cura pra depressão, ter 3 filhos, mas isso só depois de entrar pro Greenpeace e mudar o mundo! Quem dera eu não ser tão setimentalzinha, ? quiçá tão "maluca beleza", me embolo toda com a enxurrada de pensamentos, que vem, que vão, e que nunca me pedem permissão pra porra nenhuma! Sou tão ligada a toque, que a minha alma teima em sentir falta da sua, mesmo quando minha cabeça diz pra ela que é cedo. Quero beijos apaixonados percorrendo meu corpo, quero que minhas idéias sosseguem na minha cachola. E quero de verdade mesmo, que eu nunca deixe de ser real! A tattoo mais Rock'n'roll de todos os tempos espera afoita pra minha pele ilustrar, yeaah! A cor do cabelo também anda louca de angustia pra se modificar. Sim, como boa aquariana eu já me "supermodernizei" faz tempo, baby! agora é esperar a vida se render aos meus encantos, e pé na estrada, uhuuuul!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mon amour, mon ami, ma chanson

Quero samba sim, meu bem, um gingado de lado que me maltrate a visão. Hoje só quero saber de você, deixo o Carnaval pra lá, que ainda falta meses pra chegar. Me entrego as músicas melosas, aos remelexos lentos, a lembrança dos olhos teus. Sorrio pro mundo que mora no meu umbigo, aiiii, que vontade de dizer tantas coisas ao som de um bolero, dizer baixinho, no seu ouvidinho, o quanto eu te quero! E tudo que era incerto transgrediu em razão, meu coraçãozinho, tão fraco e por vezes mesquinho, só quer o teu amor. Te espero com as frases que quero te dizer, não precisa ser em português, sentimento não tem língua, e estou certa que ele se fez: Muy le deseo cerca de mi corazón, usted soy mi amor, mi novio, mi canción...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O tipo certo de cara errado

Tá na cara, baby! minha pele toca na sua, e bum! As palavras fogem de mim, correm desesperadas, feito loucas! sei-lá-pra-onde. É que é tanto sentimento, garoto. Tanta vontade de trancar numa caixa meus medos bobos e te querer-só-pra-mim. Teu carinho é tudo, tua energia, incrível! Eis que você me deixa assim, completamente encantada. Hesito, te abraço, e displicente não digo nada. Cara, nunca pensei que alguém pudesse fazer as palavras perderem o sentido, mas você faz. É, sinceramente: tô in love, sacou?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

The Strange

Linda menina estranha, é assim que sempre me senti, fora de foco e de compreensão. A frase que eu tanto escutava na infância: " porquê você tem que ser tão esquisita, Fernanda?" hoje em dia representa muito do que sou. É domingo, dia de almoçar com a família, me sento à mesa, no prato de todos carne, no meu, salada. E não é dieta pois não me convém futilidades, é amor aos animais, vegetarianismo convicto. Eis que surge a primeira indagação por parte de um "novo" membro da família Tellez:

- Você está doente, Fernanda?
- Não, sou vegetariana.
- Acho isso coisa de gente doida.
- E desde quando a sua opinião interessa?

Minha adorada mãe prevendo o meu mau humor devastador interrompe a conversa;

- Não liga não, ela é irritadinha assim mesmo.
- depois vocês reclamam que nunca almoço com vocês!

Não é porque eu não como carne, não gosto de beber água, odeio rosa, tomate, cebola, coca-cola, sorvete de chocolate, inglês, pessoas, modismos. E nem porque eu amo dias frios, suco de morango com laranja, verde, pão de queijo, filmes iranianos, poesias desconhecidas, francês, fotografias antigas, abraços apertados, frases clichês. O problema não tá nas minhas esquisitices pessoais, e nem no que os olhos podem ver. Nasci com a alma virada do avesso, com sede de conhecimento, com o jeito hippie de querer espalhar o amor por aí, querendo engolir o mundo num gole só. Podem me pedir tudo, mas esqueçam esse lance de ser normal. Sou chata, esquisita, voluntariosa, cheia das manias, e pretendo continuar assim. Não faço questão que ninguém me ature, logo, todos que me aturam o fazem por querer. Na real, hoje eu só queria dar um tiro em quem inventou essa porra de ser normal!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Gonzaguinha - Caminhos Do Coração

Há muito tempo que eu saí de casa
Há muito tempo que eu caí na estrada
Há muito tempo que eu estou na vida
Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz
Principalmente por poder voltar
A todos os lugares onde já cheguei
Pois lá deixei um prato de comida
Um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar

E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar

É tão bonito quando a gente pisa firme
Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos
É tão bonito quando a gente vai à vida
Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Intimidade evasiva

Do lado de dentro tenho guardado um pote secreto, fragmentos das cidades que morei. Mais fundo ainda, na prateleira da saudade, carrego com pureza os abraços sinceros que roubei. Sonhando vez ou outra com o dia de me sentir completa, de reunir todas as cores e sensações, de organizar os sentimentos por ordem alfabética, e sendo assim, talvez controlar a confusão que me causam. Vai chegar o dia em que olharei pro fim da estrada, e verei flores ao invés de luzes, as flores podem até me cegar, mas seu perfume ficará gravado em mim. Assim como todas as pessoas que passam pela minha existência, elas deixam um pouco de si, e levam partículas do meu eu jamais compreendido. Eis que viver não faz tanto sentido. Sinto falta do meu quebra-cabeça incompleto, tem dias que quero os segundos passem logo, e outros que a vida me espere, pois eu sempre paro pra arrumar o sapato.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Confissões no gravador

Sem pretensão chegou de modo que não parecia real. Eis que a vida gira na ciranda do encantamento. E sem que eu pudesse perceber ou evitar, tu já ressonava em meus pensamentos, em meus desejos. De lá pra cá, daqui pra lá, o carinho sincero se fez. O tempo passa, o relógio nunca para, e a vida sempre vai seguir... Não te quero com um sorriso fugaz no rosto, mas com a certeza de que podes contar com a minha existência, de uma forma só nossa, que sei que só você entende. Ao te conhecer o mundo se tornou um lugar reconfortante para meus questionamentos, e meus conflitos se aconchegam com tuas singelas palavras, tão significativas como uma gota de orvalho num entardecer de Outubro.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Porta-retrato

E vira o mês, os dias passam, vejo folhas verdes pela janela, chega o horário de verão, e pouco a pouco percebo a ilusão. Dias vazios de festas, noites ensolaradas de realidade. Pronto! decido, encontrarei o brilho que vejo em meus olhos em fotos antigas, a cor do cabelo já não me importa, as roupas anos 60 eu já nem ligo mais. Parei no tempo de uma época em que não vivi, busco de volta os sonhos que não tive, a tarde de domingo que não vi o bonde passar. Entre todos os sorrisos, procuro ansiosa pelo meu. Deixo de lado as utopias, entendo de amor pra fazer poesia. Amasso, mastigo, e jogo fora a magia, a perfeição não me interessa, e das minhas vontades eu tenho pressa, mais um dia, uma tarde vazia, e eu juro que dessa vez eu aprendo a voar...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

TPM

Mulher de impulso tórrido que alucina
Fome e desejo de menina, numa dura sina
Bola, papel, plástico, desejo, penicilina

Todos os contrários postos na mesma direção
Saliva, ácido, boca, água, sucção
Mistura fina de pós-modernização

Errante por natureza
Destinada a beleza
Inconstantes certezas

Afetada pelo afeto da sinceridade
Destilada do desprezo a maldade
Redundante furia e passividade

O ódio ao cor-de-rosa
O viva a femilidade
Soltam suas feras
E fazem de beijos guerras;

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

riocena "de suruba" contemporanea

Eis que se inicia o riocenacontemporanea, o festival internacional de teatro. Espetáculo incrível! com 6 horas de duração, haja talento para prender a atenção do público entendido por tanto tempo, o que diga-se de passagem não é problema pra eles com o show de interatividade que fazem. Confesso que do alto dos meus muitos anos de teatro e da minha crítica feroz não fui esperando algo que de fato me surpreendesse, e a surpresa foi das melhores. A peça "Os sertões" está dividida em temas, e o de ontem era sobre a pluralidade multi-étnica dos brasileiros, mostrava cada cantinho do nosso Brasil, seus sotaques, costumes e sonhos. A plateia estava lotada de famosos enlatados da Globo, assistiam como que querendo aprender algo com aqueles exímios atores, creio eu que eles faziam laboratório pra saber o que é ser ator de verdade, deixando meu veneno de lado, volto a peça que começa escandalizando, com todos os atores pelados e uma cena de sexo perturbadora, com seus orgãos genitais de fato se tocando, era bunda pra lá, peito pra cá. A princípio, achei muito coisa de artista que quer se modernizar, pois sempre que um artista quer se achar inovador ele bota as coisinhas de fora, sim, não é qualquer coisa que me convence não, eu tenho estrada no mundo mágico do teatro. Mas a peça é tão sensacional que a medida com que ela se desenrola, você esquece que os atores estão pelados, e se emociona com a sensibilidade e força deles em cena, simplesmente contagiante! impossível ficar indiferente. Os atores quebram todos os clichês, desconstroem todos os conceitos, botam Jesus sendo negro e gay, não podia ser melhor. A platéia se empolga e muitos acabam entrando no clima de " viva a sociedade alternativa" permitindo que os atores tirem suas roupas e os toquem. Como era de esperar ele cismaram com a minha pessoa, me pegavam toda hora pra entrar em cena, no começo eu até achei divertido interagir, mais quando fui agarrada e quiseram tirar minha calça foi um pouco demais, fui obrigada a ser grossa, mal não faltei ao respeito pois entendo o lado deles, e quem não quer participar não fica na primeira fila, ? levantaram a minha blusa e marcaram um "P" na minha barriga, o que gerou muitos comentários infames por parte de meus queridos amigos que comigo estavam. Mas eis que o melhor de tudo ainda não chegou, rolou a festa mais irada do ano, só pra convidados vips, e eu como sou muito bem relacionada, descolei uns convites. A festa foi patrocinada pela Petrobrás, repleta de comes e bebes, foi muito digno ficar bêbeda as custas da Petrobrás, e ainda dançar até o pé pedir bis. O Festival de Cinema do Rio acaba hoje, e já deixa saudades, ano que vem tem mais, e enquanto isso vamos curtir o riocenacontemporanea, porque ele promete!

Qual é a boa de hoje?

Voticontá, viu? nunca que eu tive cara de boa moça, sempre paguei de revoltada, ovelha negra da família, destruidora de corações indefesos, e daí que vem o meu famoso "eu nunca disse que prestava". Mas chega um dia que a fama de menina-veneno cansa, pois pureza de cabrocha criada no interior não é pra qualquer maria bonita não. Acho um porre esse lance de insegurança, é tudo tão sem propósito, saca? acho mero doce de quem não tem sangue o suficiente nas veias pra se encarar de frente. Nunca tive medo de nada, e talvez os mais de 10 anos de teatro tenham contribuído pra isso. Eu ainda to aprendendo a lidar com os meus conflitos internos, é que existe tanto dentro de mim, universos tão distintos, sinto que as pessoas ficam confusas comigo, mas eu nem esquento, a vida segue o fluxo que a gente dá a ela. O pessimismo me irrita, eu realmente acredito que tudo tem jeito, e sinceramente cansei de me descabelar por bobagens hipotéticas, minha mente é minha pior inimiga e minha maior aliada, vai entender uma aquariana eloqüente. Sei que sou chata, exigente, é porque acredito de verdade, que se você se propõe a fazer algo o mínimo que deves fazer e dar o melhor de si. ahhh, eu e ele, ele e eu, tão parecidos quanto complicados, e eis que de grão em grão eu conquistei o rapaz, ele nem tenta disfarçar pois sabe que não consegue, eita que tem muita gente morrendo de inveja pros dos lados, xô, urucubaca! que o casal é lindo por demais. eu continuo achando que está tudo muito rápido, e que eu preciso de paz pra botar minha cabecinha no lugar. Festas, festas, e mais festas, cheguei a conclusão de que o Rio de Janeiro não dorme mas eu preciso dormir.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

My favorite song


És para mim um eclipse de inquietação e pureza, e um tolo se não percebes tudo o que tens. Volto no tempo, o relógio nunca está ao meu favor, e a vida não descansa enquanto eu tento entender. Paro, exito, e vejo luzes em você. Me dando conta de que faço tudo novamente, te beijo, toco, cheiro, cada "te odeio". És minha caixinha de surpresas, que guardo no meu íntimo, onde ninguém possa ver, não por medo, mas por querer só pra mim. Meu paraíso encantado e secreto, dúvida ressonante que atormenta, num desejo esculpido em prazer. Me perco em mim, só pra me achar em você. E acho graça, pois faço isso com gosto, como quem conhece as regras e mesmo assim se arrisca no jogo. Me divirto entre os seus acordes, me inebrio com suas nuances, danço na valsa dos teus fragmentos, partículas de tesão e afeto, que se eu não tiver eu furto. Sua força me encanta, e sua doçura também. Sabes me fazer rir, é como se todo dia ao lado teu fosse carnaval, eis que é assim que me sinto perto de ti, numa eterna alegria indivisível, repleta de fantasias e cores, de sonhos e amores. As luzes se apagam, e fica só você, defeitos e sorrisos, almoços e boa noite, não quero mais entender, te quero assim, no meu colo, em meus braços, pra sempre em mim. Como minha música favorita, você arranca a minha alma esmagando os meus sentidos, és a droga perfeita, precioso vício.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Chico Buarque - Anos dourados

Parece que dizes, te amo Maria
Na fotografia estamos felizes
Te ligo afobado e deixo confissões no gravador
Vai ser engraçado se tens um novo amor

Me vejo ao teu lado
Te amo, não lembro
Parece dezembro de um ano dourado
Parece bolero, te quero,
Te quero dizer que não quero
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda te esqueço de fato
No nosso retrato pareço tão linda
Te ligo ofegante e digo confusões no gravador
É desconcertante rever o grande amor

Meus olhos molhados, insanos dezembros
Mas quando me lembro são anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

terça-feira, 25 de setembro de 2007

O último 25 de setembro

Me lembro sim, era de noite, e a lua devia ter feito algum feitiço, pois por meses, as noites eram as mesmas, e por meses eu me apaixonei. Ficaram as ruas, a padaria, a locadora. Hoje vi, tudo está no mesmo lugar, senti medo, frio, e dor. Mas passou, assim com a estação mudou. Os sonhos já não são os mesmos e aquela menina não sou eu. Como pude por tanto tempo fingir algo que não sou? ou será que finjo agora que mudei? apenas tenho certeza que a rua continua no mesmo lugar, e que a casa é a mesma, não estou certa da cor, mas me lembro dos quadros na parede do quarto. Sinceramente, posso dizer que esqueci a cor dos seus olhos, e a forma com que você dizia que eu era única. Feliz último aniversário de um namoro que nunca existiu, e se não queres ouvir mentiras, ora, não me faça perguntas. E nesse dia um anjo travesso disse: sim. As arpas do amor foram tocadas, e talvez eu nunca me esqueça dessa data, mais pra mim ela morreu, e com o amor foi enterrada.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cadê o amor?

De tempos em tempos o amor bate a minha porta, ás vezes me pego pensando nele, em silêncio, baixinho, calada, sem demonstrar. Apenas olhando pra lua enquanto penso na beleza sua. E sempre que ele bate a minha porta, eu, sem saber o que fazer, peço para que alguém lhe diga que não estou;

- Ei, seu moço, diga a ele que não estou!

- Mas porquê razão, princesa?

- Ô só, ocê não conta pra ninguém?

- Pois bem, fique certa que não contarei.

- É que... eu tenho medo por demais.

- Medo de quê, princesa?

- De me magoar, seu moço.

- Deixe disso, pequena, e se ele não voltar nunca mais?

- Então... saberei que não errei.

- Mas faz favor, seu moço, que o desejo é puro e vem do coração, mesmo que eu não acredite, nunca deixe de vir aqui me dizer que ele chegou.

Eis que ele nada disse, mas pensou: Essa princesa já encontrou o amor e nem notou;

Eis que ela nada disse, mas pensou: Queria que o seu moço soubesse, que o amor que não quero, é o amor que já lhe dou;

Eis que o problema do amor: É que nem sempre quando a gente sente a gente diz, e nem sempre a gente sabe quando sente. Mas pior ainda, é quando a gente não sabe se o outro sente, ou menti. E eu pergunto de cara limpa, cadê o amor minha gente?

Los Hermanos - De Onde Vem A Calma

De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente
ele não saber ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil

De onde vem o jeito tão sem defeito
que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Está se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão

Eu não vou mudar não
Eu vou ficar sim
Mesmo se for só
não vou ceder
Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim.

Ps: saudade do show dos meus adorados hermanos!
Misto de saudade e certeza, pois sei que o sonho não acabou.

E alguém, por favor, me diz!
De onde vem o jeito tão sem defeito
que esse rapaz consegue fingir?


quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Aquarius


Aquela que nasceu no Rio de Janeiro, mas cresceu em Minas Gerais, moça do interior, de fino trato, que confia demais nas pessoas, que possui pureza no coração e sinceridade nos olhos. Aquela que é menina do Rio, sagaz, boêmia, incorrigível! soltinha que só vendo, a atriz que ama cinema, que faz da vida um palco e do resto apenas cenário, e tudo pra essa princesa é fugaz. A garota-problema, sempre arrumando confusão, é chata e metódica, daquelas que dá vontade de implicar de tão chatinha que é, mas a mocinha tem fibra, caráter moldado por Minas Gerais, é cheia de princípios e de virtudes, é realmente uma princesa. Ela acredita que vai mudar o mundo, acredita no amor, mas não em relacionamentos. Tem como não se apaixonar por essa morena? diferente de todas, tão inteligente quanto bela. Mas cuidado, ela é aquariana contraditória, cheia dos conflitos internos, e dos questionamentos, mais profunda que os grandes filósofos, e mais divertida que os bobos da côrte, sendo princesa, sendo diva, ela pode tudo! e o pior é que ela sabe, de fato não liga, ah, mas sabe. Ela é dona de mil carinhas e trejeitos, as vezes esquece de tudo e brinca que nem criança. E além de tudo, a bela ama futebol! é uma menina-mulher que se relaciona melhor com os meninos, que ama boteco, falar de futebol, e comer besteiras. Ela é blasé, se entedia fácil, e faz comentários irônicos de 5 em 5 minutos, dá risada de si mesma, o charme em pessoa! se faz de durona, de forte, mas é uma fofa, de coração que não existe igual. Minha doce artista, que vê tudo com outros olhos, que sofre com a angústia de querer compreender tudo e todos, tem o fardo dos que possuem genialidade. Ela enxerga arte e beleza em todos os cantos, é sensível até a raiz dos seus lindos cabelos cacheados. A branca mais pretinha de todas! e tem orgulho de sua Latinidade, é Brazuca idealista e patriota, e a mocinha não vive sem música. Sempre se joga no Samba, respira Rock, entende de Jazz, é Buarquiana de carteirinha. Aquela que não se limita, que não é um conceito, é pintura pós-moderna, mas cultua o antigo, tem a classe das divas dos anos 60, e o jeito atrevido das feministas cultas, Cheia das manias inusitadas, não come tomate, não bebi coca-cola, é fresca toda vida, e consegue ser charmosa até na sua chatice, e como boa aquariana, é livre! desencanada, adora andar descalça e sentar no chão. Tem mais fases que a lua, ama os animais e a natureza, não sabe viver sem chamego, carinho, aconchego, mas não se engane com o jeitinho meigo, ela é daquelas cabrochas porretas, com personalidade forte! é explosiva, por vezes rude, voluntariosa, e está sempre certa, é a dona da razão, mas no fundo é uma flor, daquelas tão ráras de se encontrar, que quando a gente encontra dá um medo de perder, e quando a gente senti o perfume, a gente não solta jamais...

".. Porque era ela
Porque era eu .."

(Chico Buarque)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sweet Angel

Como um anjo azul,
Sem pétalas e sem pecado
Me tira todo o medo do mundo
Acaba com a solidão no meu eu profundo
Anjo sem asas
Da ironia dos mortais
Me tira todo o medo bobo
E me abraça se sentir que eu vou chorar
Anjo careta das palavras loucas
Me beija com a cara lavada
Entrega na carta a tua alma
E se não fizer sentido
Faça de mim um abrigo
Eu protejo meu anjo
E ele cuida de mim
E que o conto de fadas as avessas
Não tenha nunca um fim...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Universo Paralelo

Está tudo rápido demais, a flecha, o amor, o tiro. Está tudo rápido demais, e me falta tempo pra ser de verdade, o pensamento voa, os carros passam, a vida segue, e pra mim tudo continua rápido demais. Eu preciso encontrar a velocidade certa em que eu me encontro, na poesia ou na dor, preciso aprender urgentemente, se é o o abraço dele ou o jeito que ele me olha. Mas o problema é que está rápido, muito rápido! está rápido demais pra você?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Reflexo Imperfeito





Acabou de ser constatado: beleza impede que os outros confiem em você. E eu me pergunto se isso tem fundamento, e se tiver, é plausível? ao ver os belos as pessoas tendem a pensar que a beleza transpõe sentimentos nobres. Ora veja, e quem disse que os "bonitos" não são legais, eu que tantas vezes me sinto aprisionada nesse rosto de boneca envolto por um corpo voluptuoso de mulher, digo, e reafirmo: nada me cansa tanto quando rostinhos bonitos, ô tédio. Queria ser feia, parece demagogia mais não é. Ao menos os feios tem a certeza de que são amados pelo que verdadeiramente são, talvez aí, não sendo considerada diva, eu pagasse de fofa e não de escrota. E só pra salientar: odeio quando a pessoas me dizem: " mas você não entende, pois você é bonita", me poupem! a ingenuidade não brilha tanto em mim ao ponto deu achar que nunca me dei bem com isso. E digo mais, nem sou tão legal assim ao ponto de nunca ter usado isso ao meu favor, lembro da época da escola quando os meninos brigavam entre si pra fazer os meus trabalhos , ou quando as meninas disputavam entre si pra ser a minha melhor amiga. Já até me encanei com isso, mas hoje, sinceramente, não ligo pra essas bobagens, enquanto escrevo aquecida pelo calor do saber e satisfeita diante de minha cultura, crianças passam fome, mulheres são estupradas, a humanidade mantém o seu circo dos horrores, e sim, com isso eu realmente me importo. Com os bonitos o mundo pode até parecer diferente, mas é tudo ilusório, a sujeira é a mesma. Ser bonita não importa, porque ser bonita não basta, eu quero mudar o mundo, e plantar uma semente de felicidade em todos os corações que eu puder, a verdade é que eu sempre preferi os feios inteligentes, e não que a beleza me incomode, é só que ela não faz muito sentido pra mim, e não que eu leve jeito pra Madre Tereza de Calcutá, to longe disso, milhas e milhas... mas é que eu queria mais respeito para com a minha sensibilidade, digam não aos rótulos, e digam sim a essência de cada um, cada pessoa é um universo único e indivisível. Em suma, apenas sejam mais inteligentes, grito: beleza de é rola! pronto, agora me sinto bem, e acabo de lembrar da terrível frase que ouvia na infância: "menina bonita não fala palavrão". Na real, que se foda os conceitos!


Made in Rio


E quem disse que a vida não vale o preço do meu sorriso? a alegria me invade sem pedir licença, me toma nos braços enquanto eu fecho bem meus olhos e brinco que é Carnaval. Orgulho de ser carioca zunindo no peito, num ritmo sinuoso e mais rápido que a bateria do Salgueiro, é quase um samba gostoso, ou um chorinho maroto pelos cantos da Lapa. Amanheceu o dia, e me que me desculpem os que não tem o privilégio de ser carioca, pois eu moro na cidade mais linda do mundo. É o Rio de Janeiro definitivamente continua lindo! Acordei e vi a orla, os pássaros a voar, os meninos do Rio e seus corpos sarados, dourados, puro pecado. E nesse momento eu ainda nem sabia o que estava a minha espera, tomando uma água de côco a efervescência do meu Rio me contagiou, segui meu percurso e o orgulho só crescia, beleza natural de dar inveja a qualquer outro lugar, da Barra ficou a malemolência clichê, enquanto me perco no Leblon procurando pela areia da praia meu rapaz que a mim é desejo esculpido num rosto de menino e num beijo que ninguém mais é capaz, em Ipanema tudo acontece, ah se acontece! eu olho pelo vidro e vejo aproximadamente uns 40 salva-vidas, correndo, treinando, suando, e derramando desejo pela orla. Orgulho é palavra que me agarra, me sufoca, mete a língua na minha boca sem motivo, e apesar de todas as merdas, de toda a violência, da promiscuidade de Copacabana, das árvores não preservadas de Laranjeiras, eu encho o peito, descanso entre os coqueiros, e com um sorriso bobo me pego a dizer: amo a minha cidade, orgulho carioca, ó meu Rio de Janeiro lindo, que abriga vários sotaques, que afaga vários sonhos, que libera todas todas as fantasias, ô Rio eu não vivo sem você, enquanto o Rio pretencioso ri com o canto da boca e diz que não vive sem mim...
"she's a carioca, she's a carioca
Just see the way she walks
Nobody else can be what she is to me
I look and what do I see
When I look deep in her eyes

I can see the sea
A forgoten road
The caressing skies

And not only that, I'm in love with her
The most exciting way
It's written on my lips
Where her kisses stay
She smiles and all of a sudden
The world is smiling for me

And you know what else
She's a carioca, she's a carioca.."

Tom Jobim

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Mel com Canela


Despretensiosamente ele chegou de um jeito que nem pude notar, e o rio que sangra aqui há de sangrar lá, e os girassóis nunca foram tão amarelos, quiçá os passarinhos tão belos, belo, belo. E de forma abstrata luz do sentimento na carne, pronto, preciso dele, e assim se fez.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O tempo Perguntou pro Tempo

Eu preciso de tempo, e ele sempre escapa de mim, é uma fuga que não tem volta. Olho pro relógio e ele não mostra que a vida veio e deixou um adeus, to cansada do vazio das idéias, preciso urgentemente saber o que existe ali, naquele lugar, que vai além de tudo que é passível de fazer sentido. As escolhas nunca foram tão difíceis, e sinto que cada passo me aproxima mais da escrotice. As incertezas do futuro me fazem ver as cores no céu, o abraço daquele menino, já não me conforta mais. Preciso de paz, eu quero esquecer a loucura, preciso entender de amor antes de jogar as rosas no chão, preciso que ela saiba que chocolate não é tudo, e que o amargo ás vezes pode ser muito mais doce que caramelo, não posso dar atenção a tudo que quero, me sinto incapaz. Tenho que aprender a gostar de ficar comigo, enquanto não me esqueço de espalhar alegria com um simples sorriso, tá doendo, mas eu nem ligo, já me acostumei a rastejar e implorar por puro vício. Parece que vou quebrar a qualquer momento, então não me aperte forte, fique distante, me deixa ser triste, pois há de ter beleza numa lágrima de dúvida...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Subversão a Flor da Pele

O mundo é uma merda, essa que é a grande verdade, a gente tenta achar motivo pra sorrir em cada esquina, a gente mente pra gente, no fundo tudo é uma merda, todos.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Não escrevo para que os outros leiam, escrevo para libertar tudo o que tem vida em mim. Quando escrevo é como se os problemas não fossem mais meus, como se por passe de mágica, o mundo fosse um lugar melhor, e meus sonhos soubessem voar além das nuvens que cegam minhas vontades. Creio não me lembrar ao certo quando começei a escrever, acho que mesmo quando não havia aprendido, de certa forma eu sabia. Eu sempre soube que podia retratar o ruído de uma lágrima de amor, sempre soube que poderia traduzir cada pedaço de vidro que cortava minha carne. Por todo o tempo possuo essa angústia batida no peito, de quem tem muito a dizer enquanto a vida passa correndo e não olha pra trás. Escrevo por não suportar a realidade, porque no mundo das palavras posso fazer sangrar ou transformar em algodão doce em qualquer click fugaz, e se eu fechar bem meus olhos, voar é pouco para mim. Aqui a escuridão não me assusta, vou do céu ao inferno em instantes, viro senhora das cores e dona do infinito, vou além do muro das maravilhas. Crio realidades nas quais consigo respirar, o mundo nunca me bastou, por isso traduzo cada célula de sentimento, mesmo que sem esperança de que isso mude algo, escrevo pelo amor, pelos meninos bonitos, pelo sorriso das crianças, escrevo pois acredito, pois sinto. Escrever é o beijo da existência, o carinho mais doce, transcendental a qualquer argumento vil, e se você não sorri ao ver uma flor, não tente entender essa explicação...

sábado, 18 de agosto de 2007

Não quero descobrir todas as respostas, não preciso entender tudo, qual é a realidade atrás do pote de ouro no final do arco-íris? Sonhos que vão embora como a brisa do mar, o amor que sai pela janela e a gente nem vê. Canto as minhas verdades em troca de algumas migalhas de afeto, sussurro no teu ouvido meu ódio secreto, e mesmo não sabendo e não tendo nexo, acredito no pôr-do-sol dos seus olhos. As borboletas querem me ver livre, mas eu quero me ver no teu reflexo, nem que seja por esse momento. Se tudo amanhã não passar de sonho, invento novas verdades em troca de novos afetos, paradigma infinito e direto, utopias soltas ao relento, eu só sei que hoje eu quero, e que é doce apesar de complexo, e pela primeira vez na vida, isso me basta.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Aquilo que todos querem saber de mim, quem eu sou. Ora veja, se eu soubesse, toda vez que sinto uma tempestade dentro de mim, a transformaria em deserto, e desse deserto, certamente nasceriam flores, e uma dessas flores teria um nome, e esse nome, seria violeta. Mudo de jeito, forma e cor em segundos, me sinto a pior e a melhor num piscar fugaz, me perco e me acho em mim. Dentro de mim existe uma infinidade de "eu", gritando, esmurrando, querendo vir a tona, uns me assustam, outros me enojam, mais eles existem, confesso: sinto medo de alguns. Tal qual hoje sou uma violeta, ás vezes eu gosto de ser violeta, mas só as vezes, eu não sou tão boa assim. De cor roxa e folhas verdes, talvez de noite eu deixe de ser violeta e me transforme num lírio do campo e vôe solta pela imensidão dos meus desejos. Me permito acordar margarida, tímida e pura, e no dia seguinte uma rosa estonteante, cheia de vida, de perfume inigualável. A complexidade bate a minha porta, a medida que eu perco o sentido, amanheço sorvete, quando viro gelo, terra, lápis, eu não me decifro, pois não me prendo a nada, eu não tenho explicação. Vivo lutando contra as minhas vontades escusas e com a mesma força, e em silêncio, nutro todas elas secretamente...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O que eu sinto é tão bom que dá até medo. Eu que sempre desconheci essa sensação, me pego rindo da vida, o meu sorriso há tempos não era tão pleno. Me sinto o sol, que some feliz pois sabe que amanhã irá surgir novamente. Eu queria que o "pra sempre" existisse fora dos meus sonhos, queria poder te olhar nos olhos e te dizer que eu te quero "pra sempre", e se o seu sorriso me lembrasse a lua, então tudo seria perfeito.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Escondo segredos de mim, me segurando diante do meu íntimo infinito. O pensar me mata a cada dia, repleta e vazia, me sinto uma jarra de vidro, que pode ser quebrada a qualquer momento, e que de uma certa forma até gostaria, que de fato, isso ocorresse. Elevo os meus desejos ao máximo, sinto uma falta de compreensão que me consome. Começo a refletir que eu possa gostar disso, que um ponto na minha imensidão, sinta prazer com a busca nunca alcançada, com a palavra nunca dita, com a existência jamais decifrada.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sem saco pra caretice. O meu time perdeu, descobri que to apaixonada, derrepende parece que tudo ficou cinza. Enquanto o maldito sol cisma em brilhar lá fora, eu quero matar o sol, e me casar com a lua. Mas só se as estrelas não me conquistarem antes. Um dia novo, um novo dia, cartas no baralho, o leque de possibilidades se abre. Quero dançar nas estrelas, até as nuvens pedirem bis. E ver o mar morrer de inveja, enquanto as orquídeas me perguntam o porquê. A liberdade me encanta, e o sorriso daquele menino mais ainda.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Futebol é amor que não se explica, quem senti, sabe. Quando meu time entra em campo, sinto que não há tristeza que perdure, e nem alegria que não salte ao peito, meu coração acelera, e eu só penso na fração de segundos, que o grito de gol sai da minha boca, enquanto um sorriso fugaz engole meu rosto. E se meu time perde, uma tempestade se instala no lugar da razão, palavras escusas saem com facilidade, é agonia que não tem porto pra ancorar. É um amor que está acima das cobranças, transcendental, Flamengo é flor que brota no peito de quem ama futebol, floresce com as vitórias, e se perde, murcha, mas a beleza sempre há de existir...
Veja além do meu reflexo no espelho. Repare nas mentiras da minha boca, setindo as verdades que meus olhos calam. Perceba então, que a vida não vale o preço da sorte. E saiba que eu daria tudo pra ter você aqui.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Na sexta brindei a Antonioni
essa semana brindarei a Bergman
os gênios sempre vão morrer
mas a magia do cinema nunca.
Enquanto houver beleza no mundo
enquanto uma sinfonia tocar sem ninguém ouvir
haverá alguém pra amar o cinema,
a arte de arrancar a alma
através de uma tela.
Quiçá como críticos idiotas
e comentários infelizes,
eu não podia deixar de citar Arnaldo Jabour
Bergman provávelmente se remexeu no além.
por fim, uma dica pros rapazes
eu quero um namorado cinéfilo
logo, não me convidem pra assitir filmes tolos
sou chata, exigente, mas acima de tudo
amante do cinema.

domingo, 5 de agosto de 2007

Sou um passarinho que achou seu ninho
depois de tanto procurar.
A espera foi fria e distante...
vejo luzes, Será que é um anjo?
E se for, posso tocá-lo?
tenho medo da sua perfeição.
Me sinto tão protegida por aqui,
segura, entre os meus temores infantis.
E sei que eu nunca mudei
eu só escondi tão bem
que me esqueci que fingia...
que sentia...
que mentia...
sim, eu minto.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Me sinto em preto e branco.
Você acha que eu preciso de cores?
Mas eu não sei se eu as quero...
Volta antes que eu sinta a tua falta.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Adeus julho, adeus cabelo ruivo, tchau pros velhos dilemas
Piercings novos, manias antigas, eu não sou mais a mesma
Busco aquela que já fui, e que não vejo no espelho
Será que eu consigo ela de volta? será que ela aceita uma flor?
será...
Ontem a noite, só pra variar eu tive insônia...
daí estava mexendo numas coisas no meu armário
e vi uns álbuns antigos, fazia tempo que eu não os via
deitei na cama e voltei no tempo
depois de horas vendo as fotos
senti uma saudade de mim
de algo que eu já tive e que se perdeu
por entre os anos, por entre os dias
eu não sei ao certo o que é...
mas eu sei que eu quero de volta.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Sinto falta dos meninos de Minas Gerais...
É que eu nunca tive meio termo pras coisas
Se eu quero, eu quero, e pronto.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Em mim não existe espaço pra sentimentalismo.

terça-feira, 24 de julho de 2007

O sábio Belchior profetizou com poesia o caos aéreo
que toma conta do Brasil, enquanto o cristo é eleito
uma das 7 maravilhas do mundo, e todos estão de olho no Pan
naquele clima de "o Rio de Janeiro continua lindo"
a galera se fode no aeroporto, e só pra constar Pan de cú é rola!
Foi por medo de avião,
Que eu segurei pela primeira vez a tua mão,
Um gole de conhaque,
Aquele toque em teu cetim,
Que coisa adolescente, James Dean!

Foi por medo de avião,
Que eu segurei pela primeira vez a tua mão,
Não fico mais nervoso,
Você já não grita,
E a aeromoça sexy, fica mais bonita.

Foi por medo de avião,
Que eu segurei pela primeira vez a tua mão,
Agora ficou fácil,
Todo mundo compreende,
Aquele toque Beatle...I Wanna hold your hand!

(Belchior)

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Talvez

Eu acordei com vontade de saber como você está,
faz tão pouco tempo, mas eu nem me lembro mais
esqueci a cor dos seus olhos e o cheiro do seu cabelo
foram tantas promessas, beijos, juras sob a lua
hoje eu sinto que nada teve a menor importância
e a cada dia que passa eu acredito menos no amor,
o que é o amor? já não faz o menor sentido pra mim
do que vale a vida?
respostas que se esvaem entre os meus dedos,
escuto um som profundo, e creio que ele venha de mim
do meu meu íntimo secreto jamais tocado,
talvez existam respostas,
e talvez eu nunca tenha coragem de falar...
é que nem sempre sou forte,
apesar de carregar o peso do mundo nas costas
é que nem sempre sou sensível,
sou humana, errante, passível ao estrago
e todas as músicas de amor que eu cantei pra você,
viraram silêncio e dúvida
todos os poemas? sagraram até morrer...
e de que valem as palavras?
meros anseios de sensações jamais explicadas
o primeiro beijo na chuva, a primeira noite de amor
o pôr-do-sol do arpoador, eu juro, nunca vou esquecer
posso parecer cruel e dura,
é que cansei do mundo, já faz um tempo
me olho no espelho e não me reconheço, essa não sou eu
cabelo, boca, sentimento, eu me reinvento
talvez eu me encontre em Paris, ou Barcelona
mas em qualquer lugar do mundo,
sempre vai faltar algo em mim
se eu sou feliz? eu to sempre com um copo na mão
felicidade é conto pra criança dormir,
eu vivo na realidade feia e suja
da compreensão jamais encontrada,
talvez o que falte em mim,
eu encontre em você que eu não conheço,
mais que me perturba com reflexos de loucura
talvez eu nunca me encontre,
o que eu já nem me importo mais
vivo esperando o dia em que vou me sentir viva;

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Eu finjo ter paciência...

Lenine - Paciência

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é tempo que me falta pra perceber?
Será que temos este tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei

A vida não pára
A vida não pára, não
A vida não pára
A vida é tão rara

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Não me digam o que tenho que fazer. Eu nunca vou fazer parte do sistema, mentes pequenas. Pessoas na imensidão do banco de seus carros. O mundo é pouco demais para os meus anseios...

Sinestesia incorrigível

Sou um caso perdido,
incompreendido, metido,
ser bonita nunca me bastou,
ser inteligente muito menos,
eu quero ser voluntária no Líbano,
encontrar um abrigo,
e ajudar os que estão em perigo,
a questão é? todos estão.
a cada dia me sinto mais confusa,
inundada de paixões e repulsas
igualmente intensas,
eles me disseram pra ser normal,
mas eu sou aquariana,
quero descobrir a cura da AIDS,
entrar pro greenpeace,
plantar uma árvore.
estou cansada de rostos bonitos e vazios,
fundar uma ONG e morar no campo,
talvez fosse a saída,
mas o muito sempre representou
tão pouco pra mim,
é época de fazer o bem,
mesmo que do alto da minha arrogância,
ninguém entenda...
minha válvula de escape é a arte,
quero viajar os quatro cantos do mundo,
distribuir cultura e morrer de amor...
pronto! vou engolir a vida, num gole só;

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Vício barato

Se ele soubesse o que faz com a minha estrutura,
o jogaria na rua, só pra fazer ele entender,
que talvez seja amor, e que ás vezes vai doer,
queria ver ele rastejando num deserto sem fim,
até perceber, que é o errado e o certo pra mim,
encaixe perfeito, o sentimento se fez,
e em cada canto de mim, eu te procuro,
me rasgo pra tentar aceitar,
todas as bebidas vou tomando, de bar em bar,
na esperança de achar o verde dos teus olhos
que me lembram o mar,
vivo a me alucinar, sinto na veia o desejo pulsar,
nem sempre é bonito, me irrita, eu não minto,
grito e digo que não quero, faço manha,
e só você não vê, baby, eu preciso de você
eu não quero te amar,
pra mim as coisas nunca fazem sentido,
mas nos teus braços eu encontro meu abrigo,
e todos os porres que eu já tomei,
todos os caras que conheci,
todas as risadas que eu dei, noites e dias,
nada se compara a você,
virou vício, ilícito, a gente não presta,
mas eu gosto tanto disso, a vida é tão fugaz,
da lapa ao leblon, eu te entreguei meu coração de bandeja
ele nunca vai entender, que o fogo que ele vê no meu cabelo
brilha por ele, e por ele não há o que eu não faça,
reflexo sem nexo, de noites de puro prazer,
vai muito além da carne, do corpo, do ser
é quase o anti-amor, e é certo que ele é belo,
não me nego, me revelo, eu quero você pra sempre assim
pior que tatuagem, como cicatriz, marcado em mim;
loucura é loucura, nunca tente me entender,
mas acredite quando digo: garoto, gosto de você.

Meu outro eu

Minha doce morena, eterniza a pureza na flor que te dou,
ofertando a ti o meu amor, que assim se fez,
no choque dos cachos dourados na pele morena,
pressuposto instante vazio de todo sentimento,
desmesura de almas em contentamento,
levo de ti morena o gosto da infância, o sabor da lua,
e por anos a saudade sua,
quiçá como o sol que volta a raiar,
juraria por nosso sangue pequena,
por mil quimeras irei te amar,
ô morena do brilho que envergonha as estrelas,
és serena, de toda a beleza,
num coração que tristeza não cabe enfim,
desmedido sentimento infinito,
de utópicas realidades, sabes o que eu sinto,
amor eterno, devaneios coloridos,
vida compartilhada, você é meu chão,
meu tudo e meu nada,
inebriante mistura de perfumes,
que paralisa com o seu brincar de rir,
que seca o deserto coberto de flores, no marasmo da razão,
você é um pedaço de mim, meu verso, prosa, e canção;
me confundo entre luzes e risos,
entendo de mágica e lágrimas,
de sintonia e ritmo perfeito,
minha menina eu amo teus defeitos,
morena és a cura de minhas loucuras,
talvez a única que possa me salvar,
então vem comigo morena ,
vamos correr na praia e brincar no mar,
mas antes pega na minha mão e não solta nunca mais,
que o teu sorriso é minha jóia mais preciosa,
e o teu amor é o meu bem maior,
te amo assim morena,
do meu jeito, e só.

Murro em ponta de faca

Pensamentos instantâneos, felicidade no controle remoto,
eu nunca tive muito saco pra essa coisa de sentir medo,
me arrisquei por mais de mil, até pelo que eu não quis,
senti a loucura de perto, ora vamos,
loucura e tédio são apenas palavras,
sorte daqueles que sobrevivem com ignorância,
são de fato mais felizes,
felicidade é para os tolos,
eu prefiro arder de amor, num mar de dor,
eu nunca tive muito saco,
pra ideologias baratas, religiões compradas e
política industrializada,
e tanto blá-blá-blá, tanta conversa fiada,
que eu prefiro dormir a ficar acordada,
nessa realidade subjetiva, nessa carne sofrida,
sorte é a dos sem sentimentos, ás vezes eu preferia não sentir,
o amor é o veneno mais doce,
a poesia é a magia mais necessária,
a vida então se faz fundamental,
é um bem querer mais que querer mal.

Perdida por dentro

O vento frio esconde o seu sentimento,
misto de murmúrios e de lamento,
ela não sabe onde seu coração se perdeu,
ela esqueceu onde está o seu sorriso,
ela busca respostas,
mas só encontra dúvidas,
ela sente medo,
ela chega em casa,
mas ela não encontra ninguém,
você sabe como é se sentir como ela?
sabe o que é se perder dentro de si,
as nuvens passam pela janela,
ela chora calada, senta e espera,
no fundo ela sabe que não será mais a mesma,
o grito interno é inevitável,
e quanto mais ela anda, mais ela cai sem as suas asas,
o devaneio é constante,
e sua mente inquietante,
ela não pode ser igual a vocês,
ás vezes ela se esforça,
e ri de sua falta de jeito,
ela possui muitos defeitos,
ela não consegue ir além do que vê,
o vazio a completa; você entende o porquê?

Nostálgia

Sinto falta da época que não vivi,
dos bondes que não peguei,
da Ipanema tranquila que eu não conheci,
do charme dos vestidos clássicos que não usei,
da tarde de outono em que eu não vi,
as folhas secas caírem ao chão,
falta essa do amor cantado em verso e prosa,
do encanto fugaz das pérolas e das rosas,
dos gestos bonitos e dos homens gentis,
quiçá das músicas que ainda não ouvi,
e dos filmes que verei,
no encanto de amores que ainda terei,
saudade da bossa nova suave e do barulhinho do mar,
do encontro de tarde no boteco ou no bar,
dos meninos do rio que eu vivo a procurar,
e das águas de março que mais um verão vão fechar,
mas de tempos em tempos, questiono o bem e mal,
é que as vezes baby, eu fico meio down.

Desconstrução do tempo

Hoje o tempo não nos permite sorrir,
a realidade do hoje desconstrói os conceitos,
gritos altos já não entorpecem a multidão,
vazia e repleta, de reflexos imperfeitos,
o grito interno é inevitável,
somos tão pequenos e queremos tanto,
a morte é fato, e o término assim se fez,
mas a brisa fresca do outono se aproxima,
e trás com ela lembranças,
ás vezes dói...
ás vezes eu dou risada e ninguém percebe,
hoje eu descobri, que máscaras não podem ludibriar tristezas,
mas sinto que o meu sorriso mais doce está próximo,
pois olho para o lado,
e vejo o brilho dos olhos,
daqueles que me querem bem,
então talvez valha a pena, não por mim, nem por eles...
mas por todos nós.