terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Siricutico




... surtos me impulsionam para dentro de mim, o desejo de externar minha escuridão melancólica que dá um nó em minha garganta tão ultrajada de sensações tolas que eu deixo escapar e rapidamente elas se tornam muros indestrutíveis que eu chuto sem conseguir lapidar nenhuma partícula dessa estranha força que me move. sou movimentada por aquilo que não chega a ser dor e se assemelha a qualquer tipo de erosão ou entendimento de enxergar demais. e vejo a roda-gigante vida de todos os ângulos sem conseguir modificar ou meter meus pincéis mas o dedo na ferida fica lá orgulhoso do meu caos e da minha liberdade de ser eu e de deixar sangrar pra ver até onde vai até onde eu piro minto suponho entender e ver? a grande vastidão que me descontrola e nutre da minha filosofia inventada da artéria que salta enquanto eu trinco os dentes em busca do equilíbrio de respirar sem peso social. e tenho sempre que me afastar e dar voz a loucura que me cabe escolhendo o caminho da verdade que machuca tanto quanto eu preciso de ar. construindo pontes tortas que me levam a imperfeição reveladora e antes que eu não aguente o sentimento vou de encontro ao verde que de tudo me acalma daí então volto e novamente me desconheço...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Sem luneta, só o olhar


.. critico todas as luas cheias sem colorir palavras e quando escrevo é sempre dessa dor só minha inegável irreversível intransferível folhas verdes roxas cálidas formas de um viver. fico rendida quanto o peito aperta ao começo do senso remoto de psicologizar deve ser um tipo de coisa pior que vício faz mal e eu não respiro imune ao turbilhão envolto em pensamentos que minto. faz parar. assim como eu paro os ciclos quando os percebo. os rios. as minhas fontes tão inesgotáveis de areia que engulo na sombra quente esfumaçada dos cachos que se foram com a minha identidade humana. terra vermelha dor desmoronando aos poucos pequenos pedacinhos que rolam de mim até que me desfaço. não sou. não existo. e sinto saudades... eterna saudade do inexistente. penso que pensar fica além do pensamento encanto e peso quando tudo me parece tão forte como mil toneladas de caos trituradas em processos de evolução precoce extremada até que me deito mutilada por dentro porque prefiro girassóis e não vou mudar pois meu céu nunca foi azul e verde púrpura cor de vazio não tem fim e não ser mesquinha safada insana pintar o cabelo de universo mas é que lágrimas caem... e eu sempre deixo a janela aberta pra tudo escorrer.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Lilica irrita irrita


...isso de respeitar as lágrimas eu deveria aprender, então daqui debaixo bem mais em baixo que o tapete que a poeira que o pó que o inexistente mora uma orelha que eu ainda não descobri. isso, tenho três orelhas e de fato deveria ser engraçado e não é. ela a orelha que eu desconhecia, devo eu dar um nome pra quem sabe a sentir mais próxima? como um ente querido ou um amigo que a gente dá um apelido pequeno pra relação ficar mais estreita. a lica (minha terceira orelha cujo nome se originou de uma fragmentação do modo que me chamavam na infância e que muito provavelmente tem alguma conexão direta ou não com essa minha parte obscura) escuta mais do que eu entendo e me assombra em cada pincelada de distúrbios que fingem fazer parte de algo que se encaixa no mundo, e eu pelo que me compreendo com duas orelhas e algumas razões me sinto tão pequena que não me vejo. as vozes na multidão parecem que sempre vão me assustar e que com a ajuda das minhas ausências vai doer. e nesse estranho momento tudo faz algum sentido raso. eu arranquei a lica antes que eu pudesse absorver mais e por extrair as suas possibilidades de forma prematura ainda me sinto com elas. vai me magoar pela eternidade e por todo o sempre eu a teria expulsado por não ser capaz de ir além daquilo que sou, e já que sou o jeito é ser... a lica me dói tanto tudo me dói tanto a dor existe e isso é tudo que posso afirmar e minha existência fica pairando entre os fios do ventilador e as horas que vôam lunáticas pela sua voz que irrita meus ouvidos nem sempre românticos que doem também. a percepção da dor talvez seja a sensação mais real que a gente respira das formações questionáveis em que vivem o bicho homem. talvez, só por hoje, a dor tome forma de faca e me corte em infinitas vibrações...