terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Gotas de subversão

Me sinto uma diva decadente, com um cigarro barato na mão, mas sem o glamour do cinema, apenas com a loucura e podridão dos grandes gênios. Rodeada de pessoas que vivem a sombra do que não sou. Deitada no chão do banheiro, sinto a água percorrer meu corpo, as alucinações existem. Um súbito impulso de coragem e angústia me arrasta até o meu quarto, e nua eu me enxugo, com força, com muita força. Como se eu quisesse limpar minha alma. Me olho no espelho e tento reconhecer a jovem garotinha, mas só vejo uma mulher cansada da própria pele. Renasço sempre à procura da cura, mas os vícios dominam, e debruçada na mesa do bar, eu retoco o batom. Nesse momento é como se o mundo parasse, eu escutasse flautas, e só conseguisse pensar no toque brusco do vermelho ressecado. Volto a realidade, e quanto me dou conta, ao fundo eu te vejo passar, com a mesma camisa listrada. E sei que por mais um dia, vou me sentir patética, pelo simples fato do seu gosto não sair de mim... É. Eu já não sou mais a mesma, e talvez esse "eu" nunca tenha existido.

Um comentário:

Priscila Lima disse...

incrivel como as vezes a vontade que você (eu) tem (tenho) de ser conhecida, de ser minimamente entendida se direciona pra pessoas que estão tão longe. é como se de algum modo sentisse que não tenho muitas outras histórias pra serem vividas aqui, ou que não tenha muitas outras pessoas pra serem conhecidas ou guardadas. parece que quero me fazer conhecer por um paraiso que pode se encher de amizade, por alguém que renasce, que as vezes, e como qualquer pessoa, deixa os vicios dominarem um pouco de si, por alguém que com certeza existe, e as vezes doi conhecer só a voz (de verdade). um pouco do mundo que eu quero conhecer está tão perto de você. que é como se fosse a mesma coisa.