terça-feira, 5 de agosto de 2008

O teu olhar ao ver a flor

Confesso que sinto o gosto sujo do ópio rasgando minhas entranhas, estranhas. A triste entrega inacabada num domingo qualquer... Sentada no parque entre as viagens astrais me fixo à joaninha, pequena, mesquinha. Calada. Eu que vez ou outra revelo que possuo um grito em mim que não cessa, me atormenta nas noites que eu aceito a melancolia concedida, ardida. Canta pro mundo parar agora, que o Prozac tá fazendo efeito e já não vejo nuvens de anis, assim. Faz também o vermelho não irritar, insolente. Minta o blá-blá-blá mais bonito desse troço chamado amor, chore todo o pote de orgasmos possíveis, adore o erro. No fundo, baby, a gata só quer um rato sujo pra dormir, e que isso role com tanta proeza que se torne real pouco a pouco... Como uma migalha de pão perdida na imensidão do existir, é que as vezes, confesso: existir me limita mais do que me cansa, e os porres já não resolvem a inquietação, a busca pela última ponta, o brinde a solidão. Então, boy, devolve o girassol da minha janela, entende a falta de vocação pra Cinderella, e pensa, percebe, o mundo é uma bolha de sabão. E sou assim por não conseguir respirar a muito tempo. Saca? Tempo... E o roxo dos meus lábios não é frio não, é busca maluca por solução, sol. luz. ação. Me deixa aqui no canto da sala, recolhida entre os meus pedacinhos, poucos. Pois sempre me senti perdida, um brinquedo torto.

2 comentários:

Diego Freire disse...

Te entendo, Flor. Mas viva a beleza que é a flor q escolhe pra qual direção desabrochar. Beijos do porteiro-poeta que ama...

Priscila Lima disse...

"e os porres já não resolvem a inquietação (...) devolve o girassol da minha janela, entende a falta de vocação pra Cinderella, e pensa, percebe, o mundo é uma bolha de sabão (...) Me deixa aqui no canto da sala, recolhida entre os meus pedacinhos, poucos. Pois sempre me senti perdida, um brinquedo torto."

imagens que se formam. também me sinto representada. recolhendo agora os meus pedacinhos, poucos eles também. vontade de um abraço, de uma conversa, de um porre (que por mais que não resolva, tem os seus momentos bons). esse rio que me fez também. essa flor que amenizou meu último. mas me fez chorar tanto quando se percebe que uma hora acontece a despedida. as coisas que voltaram a ser simples e normais, rotineiras. que eu consiga olhar daqui a uns dois anos. e consolidar a idéia, o desejo, a vontade ... de sentir a cidade e as pessoas. de fazer parte da vida. e dolugar.

eu tinha uma certa dúvida sobre a possibilidade de manter amizades, amores à distância. mas parece que a amizade tem uma força e nutre essa força, e torna até o que me pareceia inacreditavel possível.

se ama.
se entende.

e daqui a pouco.

se fala. e se vê.

amor. luz. força. e as coisas incriveis que a gente sabe que pode sentir.