quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quarentena


acordo de um cometa profundo nada dói nem cansa, meu corpo recolhido em lençóis contaminados de espera revolucionária e ocorre o beijo como ocorre o corte e inunda todas as minhas vísceras sentimentais quando a tarde mastiga as horas e por um senso astrológico e pura baboseira caótica eu me afundo em mim... e lá no fundo eu começo a arrumar os objetos sem ordem de importância e vou varrendo meus delírios safados pra debaixo do tapete persa que me provoca com suas cores e faço força pra tocar na prateleira de sonhos quando esbarro displicente em tua caixa de sapatos e junto com ela papéis de pão de giz de mundo de vida de tudo que me esmaga por dentro sem escolha lírica potencial. me sinto a invasora de tuas terras solenes quando remexo em seu passado suado de suas opções mundanas recolhidas em pequenas frações de cartas bilhetes resquícios que o sol apagou, e absorta com a sabedoria que bate na porta branca estrelada me vem as lágrimas o coração aperta da vontade mais santa de dizer que eu me encontro mais na sua escuridão do que em qualquer pedaço do poema rasgado que vivo nutrindo em meu cerne saliente enfático abastecido de ti. filosofava que esse "sentir" fosse demais pra minha profundidade reflexiva e amor pungente transborda em meus beirais com a vontade de nunca lavar meu sexo pro teu cheiro se perpetuar em meu útero dando luz a uma flor que viajará todos os reinos perpetuando loucura inquieta dos eternos pensadores que somos. e tento lhe falar enquanto vejo a chuva cálida pela janela do quarto cheia de seus sabores velas livros sons que me tocam mais que tudo que eu já vivi, é então que me percebo extensão concreta do teu braço pelos votos antigos e as vontades de sempre. sei, vai chegar o momento em que nada disso vai me bastar lunática que sou terei que enfrentar meus demônios sozinha acompanhada somente de meu umbigo existencial e antes que a chuva pare ou que o jazz me envolva de tal modo que eu não consiga te expressar o furacão imaginativo que habita minha pele que coça de volúpia insaciável escuta que fucei tudo, tudinho mesmo. amei teus amores junto com você, fiz tuas mutações, senti teus sentidos sem sentido e envelheci teus anos dourados de poesia, e fica materializado em meus seios redondos de juventude que tudo vira um imenso nada e dentro de todas as veias artérias paixões 20 primaveras eu compreendo tudo através de seus olhos de menino. te prometo perguntas abismos respostas fontes inesgotáveis pelo teu existir impetuoso de minhas vozes com urgências e ausências, te amo pelo próprio amor, o inevitável dos loucos.

Um comentário:

Sinner disse...

o falt'ar
peso'peito

e o coração se move tão lentamente . . .

suspir'ar
adorme's(C)er

e o que a ausência trás, se faz latente . . .