segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Normalidade inoperante

Joana é isso mesmo que eu entendi? Aquele teatro todo era puro vazio? O drama era meu? Foi da minha cabeça que eu construí esse amor. Eu e minha camisa de botões, eu e minha falta de vergonha, eu e o seu egoísmo Joana. As canções que o seu violão toca, são esboços do que você nunca vai ser. Pode ficar aí, calada. Mentiras não acontecem por acaso. Eu nunca acreditei no acaso.

Maurício você não sabe me ouvir. As coisas mudam de tamanho na minha cabeça, eu só queria outra chance, ter dez anos a menos. Sorrir desse seu jeito de criança que encontra em todo bar um deleite, eu não Maurício, não me foi dado o direito à leveza. Me pesa toda a minha incapacidade, deixa eu ser incapaz, pára de se intrometer no meu direito ao caos.

Maurício devora bolinhos Ana Maria, sozinho, na solidão do trabalho. Joana legalizando seus sentimentos. Joana não teme o tempo, Maurício dorme, o amor é mesmo assim, conflito de uma quase alegria eterna. Que acaba. Com a idéia de felicidade no despertar de uma segunda feira nublada, cortante, cheia de realidade. - Vá pastar Maurício. - Você é linda assim. Brava comigo.

Um comentário:

Unknown disse...

"deixa eu ser incapaz, pára de se intrometer no meu direito ao caos."

Muito bom.