sábado, 3 de janeiro de 2009

Lilica irrita irrita


...isso de respeitar as lágrimas eu deveria aprender, então daqui debaixo bem mais em baixo que o tapete que a poeira que o pó que o inexistente mora uma orelha que eu ainda não descobri. isso, tenho três orelhas e de fato deveria ser engraçado e não é. ela a orelha que eu desconhecia, devo eu dar um nome pra quem sabe a sentir mais próxima? como um ente querido ou um amigo que a gente dá um apelido pequeno pra relação ficar mais estreita. a lica (minha terceira orelha cujo nome se originou de uma fragmentação do modo que me chamavam na infância e que muito provavelmente tem alguma conexão direta ou não com essa minha parte obscura) escuta mais do que eu entendo e me assombra em cada pincelada de distúrbios que fingem fazer parte de algo que se encaixa no mundo, e eu pelo que me compreendo com duas orelhas e algumas razões me sinto tão pequena que não me vejo. as vozes na multidão parecem que sempre vão me assustar e que com a ajuda das minhas ausências vai doer. e nesse estranho momento tudo faz algum sentido raso. eu arranquei a lica antes que eu pudesse absorver mais e por extrair as suas possibilidades de forma prematura ainda me sinto com elas. vai me magoar pela eternidade e por todo o sempre eu a teria expulsado por não ser capaz de ir além daquilo que sou, e já que sou o jeito é ser... a lica me dói tanto tudo me dói tanto a dor existe e isso é tudo que posso afirmar e minha existência fica pairando entre os fios do ventilador e as horas que vôam lunáticas pela sua voz que irrita meus ouvidos nem sempre românticos que doem também. a percepção da dor talvez seja a sensação mais real que a gente respira das formações questionáveis em que vivem o bicho homem. talvez, só por hoje, a dor tome forma de faca e me corte em infinitas vibrações...

Um comentário:

passarinha. disse...

'...talvez, só por hoje, a dor tome forma de faca e me corte...'

toda dor corta. toda dor fere. porque se não não seria dor, seria só amor(aquele que chegou para dar...).