quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Entorpecida


Era só uma questão de lugar. Onde eu pudesse acomodar a demanda de argumentos sugestivos. Não precisava ter um rosto ali, balançando a cabeça como se concordasse comigo. Porque eu mesma não me aceitava, vez ou outra. Então tava tudo bem, era sexta-feira, o ano estava acabando. Eu repetia em tom baixo que cada um é responsável pela sua loucura. E por mim, continuava tudo bem. A humanidade leu O Pequeno Príncipe em demasia. Cada um é responsável pelos seus próprios atos e crises. Aceite isso sem dor. Embora venha a doer nas noites em que você fica sozinho no quarto se sentindo a lasca da sociedade atual. Porque eu me cansei dos moderníssimos, entende? Queria qualquer coisa quente ou morninha, tipo um arroz doce. Não precisava mais do caos noturno. Se tornara uma mulher morena dia. Quase feliz, se não fosse a melancolia natural dos desiludidos.

Um comentário:

Rê Malu Brasil disse...

humm
a ilusão... é o primeiro de todos os prazeres, sendo quase prazer.