segunda-feira, 24 de novembro de 2008


... meus instintos mais selvagens revelados em pequenos goles d'água. minha cartela de cores que só dá vermelho sangue em sínteses que não utilizo, e fica tudo tão assim, como se eu tivesse que me curar sem nunca estar doente. as fragilidades escorrem mais rápido da mão do que a areia que eu piso e esfrego na cara de todos que se atrevem a viver normalmente. meus bichos internos, soltos na selva de minhas redenções homeopáticas, correm livres de meus sermões nada cristãos enquanto o barulho da chuva cala meu inconsciente pseudo coletivo. meus pés tão gélidos de minhas idéias etílicamente pálidas. não faz mal, não sinto fome quando penso e me forço aos tortuosos goles. meu desejo seco de reverberar entre as suas entranhas é feroz e arranha. bicho estranho sem cor que me cheira, camuflado entre o veneno que destilo em suas vísceras, copulando desvairado meus ideais no ar. me corta com suas unhas negras, arranca meus resquícios de vergonha com teus dentes afiados de selvageria milenar, e agora sim, cobre a pele exposta com teu pelo que dói e protege de ruídos noturnos. quando pássaros se calam, as árvores somem, a luz se apaga, só resta eu e meus bichos...

Um comentário:

Barino disse...

...o tempo derretendo as janelas à nossa volta e uma luz intensa nos arrastando para uma ausência do fomos até essa esquina...a natureza viva agindo à revelia de nossos desejos...de qualquer possiblidade de comando...eu gosto destas vulnerabilidades, destas turbulências que me desorganizam as gavetas...mas invariavelmente eu encontro lá no fundo mais fundo, que de tanto me atravessa, o espanto e o sublime de ser apenas um...
...que te ama incondicionalmente...